Título: Mantido no Conselho da Petrobras, Silas deixa o de Itaipu
Autor: Santos , Chico
Fonte: Valor Econômico, 30/05/2008, Mantido no Conselho da Petrobras, Silas deixa o de, p. A6

O governo não renovou o mandato do ex-ministro Silas Rondeau, denunciado no dia 13 deste mês ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) pela Procuradoria-Geral da República sob suspeita de formação de quadrilha, corrupção passiva e gestão fraudulenta, no Conselho de Administração da estatal Itaipu Binacional. Rondeau, no entanto, continua ocupando uma cadeira no conselho da também estatal Petrobras, cargo no qual permaneceu quando deixou o ministério, em maio do ano passado, já sob investigação, e para o qual foi reeleito, com o voto da União, em assembléia-geral da empresa realizada no dia 4 de abril passado.

No dia 19 deste mês foi publicado no "Diário Oficial da União" o decreto presidencial nomeando os novos conselheiros de Itaipu pela parte brasileira. Foram reconduzidos aos cargos o físico Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobras, o sindicalista (CUT) João Vaccari Neto e o ministro do Planejamento Paulo Bernardo. O cargo de Rondeau ficou vago, para preenchimento posterior, e o presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE), Maurício Tolmasquim foi substituído pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Alceu Collares. Os embaixadores Samuel Pinheiro Guimarães e Enio Cordeiro também permanecem no conselho de Itaipu.

A saída do conselho de Itaipu representa para o ex-ministro a perda de uma renda mensal que até o final do ano passado era de R$ 13.567. Na Petrobras, os vencimentos são mais modestos, correspondendo a cerca de 10% do salário de um diretor da empresa, ou algo na casa dos R$ 4.000. Como foi eleito em assembléia com o voto da União, somente com a convocação de outra assembléia a própria União, que é majoritária, poderá rever essa decisão. Procurada, a Petrobras não quis se pronunciar sobre o assunto.

O cargo que o ex-ministro Rondeau ocupava em Itaipu e ainda ocupa na Petrobras é reservado, normalmente, ao ministro de Minas e Energia, hoje, o maranhense, como Rondeau, Édison Lobão. Ambos são ligados à corrente do PMDB liderada pelo ex-presidente da República, hoje senador (PMDB-AP) José Sarney. É provável que Lobão venha a ocupar seu lugar no conselho de Itaipu na vaga aberta com a saída do ex-ministro.

Durante muito tempo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viveu a expectativa de reconduzir Silas Rondeau à sua equipe de governo, certo de que ele não chegaria a responder processo pela acusação feita pela Polícia Federal de ter recebido propina de R$ 100 mil da empresa Gautama. Essa expectativa foi frustrada pela denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República.