Título: Diretório do PT leva aliança em BH a voto
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 30/05/2008, Política, p. A8

Aécio, com Ciro, critica antecipação de 2010: "Seria uma pretensão exagerada desse mineiro querer uma chapa com o Ciro" O Diretório Nacional do PT deve analisar hoje a possibilidade de aprovar uma resolução que atenua a proibição da aliança do partido com o PSDB em Belo Horizonte (MG). No esforço de tentar revogar o veto à parceria, o prefeito de BH, Fernando Pimentel (PT), desembarcou ontem em Brasília. Pimentel vai conversar com os integrantes da corrente "Construindo um novo Brasil" - que representa a maior parte da legenda.

Acompanhado pelo deputado estadual Roberto Carvalho (PT-MG), pré-candidato a vice-prefeito na chapa do PT com PSB em Belo Horizonte, o prefeito pretende fazer um apelo ao comando nacional petista para rever a decisão de veto.

Na segunda-feira, a Executiva Nacional do PT ratificou a decisão anterior, mantendo o veto à aliança em Belo Horizonte por 13 votos favoráveis e apenas 2 contrários. Segundo aliados de Pimentel, no Diretório Nacional do partido, dos 81 votos, pelo menos metade estaria a favor da parceria petista-tucana na capital mineira.

De acordo com integrantes do comando da legenda, a proibição em Belo Horizonte deveu-se à possibilidade de a disputa eleitoral na capital de Minas Gerais provocar reflexos nas eleições presidenciais de 2010.

Em Belo Horizonte, a aliança do PT com o PSDB e PSB é negociada desde o ano passado. O pré-candidato pela aliança é o empresário Márcio Lacerda (PSB), que pediu exoneração do cargo de secretário estadual de Desenvolvimento Econômico esta semana. Os principais articuladores da aliança são Pimentel e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). O veto à parceria levou Aécio a apelar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Pressionado por Aécio, Lula reuniu o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), e os ministros Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) para pedir compreensão sobre a aliança. Os três são contrários à parceria.

A expectativa dos petistas de Minas Gerais é que hoje, o Diretório Nacional do PT que vai estar reunido em Brasília defina - e vote - os recursos encaminhados pelo diretório estadual mineiro. Na ocasião também deverão ser apreciados outros recursos encaminhados por diretórios estaduais sobre alianças consideradas polêmicas.

Ontem, Aécio criticou a associação da eleição municipal de 2008 com a presidencial de 2010 e a utilização desse argumento para vetar a aliança de Belo Horizonte. "Aqueles que tiverem a visão míope de que isso tem interferência em 2010 ou que o que interessa é a vaidade desse ou daquele ator político, a vitória dessa ou daquela sigla partidária certamente não participarão desse projeto."

Questionado se havia recorrido a Lula para interceder em favor da aliança, Aécio respondeu que o presidente apóia a coligação. "Fomos colegas no Congresso Nacional. Falamos sobre esse assunto e ele, com muita clareza, não apenas a mim porque não foi uma conversa privada, mas a vários interlocutores, disse que considera absolutamente natural essa aliança. Até porque, como eu disse, ela já vem ocorrendo ao longo dos últimos anos."

O governador de Minas derramou-se em elogios ao deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE): "Ciro é homem para conduzir qualquer projeto político do Brasil. É dos mais qualificados homens públicos que eu conheço. Eu quero dizer que me orgulho muito da amizade com o Ciro".

Questionado se gostaria de ter Ciro como seu vice numa eventual chapa presidencial de 2010, Aécio respondeu: "Ciro Gomes é um homem preparado para governar o país, qualquer posto nesse país. Seria uma pretensão exagerada desse mineiro querer uma composição de chapa com o Ciro".

Ele também negou a possibilidade de sair do PSDB caso o partido venha a lançar em 2010 a candidatura do governador de São Paulo, José Serra, a presidente. "Não. Não cogito isso." Segundo ele, o PSDB não escolherá o candidato a presidente por conta de seus desejos pessoais. "José Serra é um nome com grandes qualidades, mas ninguém será candidato do PSDB apenas porque queira ser candidato ou porque tenha vontade ser. Isso pode até ser um pressuposto, uma das pré-condições, mas é preciso que no momento certo. E a meu ver esse momento é o final do ano de 2009."