Título: Microsoft pretende treinar 6,5 milhões de pessoas no Brasil até o fim da década
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 18/02/2005, Empresas &, p. B1

A Microsoft definiu uma meta ousada para o Brasil no campo da inclusão digital. Até o fim da década, a maior empresa de software do mundo pretende treinar 6,5 milhões de estudantes no país, principalmente em comunidades carentes, com foco na formação básica na área de informática. "A meta até 2009 é atender 5 milhões de pessoas no programa Parceiros na Aprendizagem e 1,5 milhão no Unlimited Potential", diz Brad Smith, vice-presidente sênior e principal executivo da corporação nas áreas de inclusão digital e propriedade intelectual. O que torna a iniciativa ainda mais relevante neste momento é a competição da Microsoft - particularmente no Brasil - com o software de código aberto, simbolizado pelo Linux, concorrente do carro-chefe da empresa, o sistema operacional Windows. As ações de inclusão digital da Microsoft não prevêem cursos específicos sobre produtos da empresa, mas incluem a doação de software da companhia e seu uso pelos alunos. No ano passado, o tema tornou-se motivo de uma disputa entre Sérgio Amadeu, presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), órgão ligado à casa civil da Presidência da República, e a Microsoft. Amadeu teria dito à uma revista que a Microsoft lança mão de "prática de traficante" quando oferece gratuitamente software ao governo para garantir espaço a seus produtos. A Microsoft pediu explicações a Amadeu, mas o caso não teve continuidade. Smith diz que na Microsoft as duas esferas não se misturam. "Os programas de inclusão digital são reais e mostram que temos um relacionamento de longo prazo com o país", afirma. "Não são uma campanha publicitária." De caráter internacional, os dois programas de inclusão digital adotados pela empresa no país contam com um gordo orçamento global. Até 2009, a companhia prevê investir US$ 1,5 bilhão no Unlimited Potential e US$ 250 milhões no Parceiros da Aprendizagem. No Brasil, a primeira parceria sob o Unlimited Potential - lançado mundialmente em março de 2004 - foi com a Fundação Bradesco e rendeu a construção de 15 centros comunitários de inclusão digital. Em setembro, a Microsoft formalizou outra aliança, com as organizações Sampa.org e Cemina, para montar 18 telecentros em rádios comunitárias. As primeiras instalações devem entrar em funcionamento no mês que vem. Já no Parceiros na Aprendizagem, pela qual a Microsoft treina alunos e professores da rede pública de ensino, estão em funcionamento parcerias nos Estados de São Paulo, Goiás, Paraíba e Pernambuco, além da cidade de Belo Horizonte. Até agora, a Microsoft treinou 1,2 mil estudantes, que vão atuar como monitores para transferir o conhecimento a outros alunos. Além disso, a Microsoft já abriu no país 17 centros de tecnologia. Com essa iniciativa, o foco é dirigido ao treinamento em seus produtos. Hoje, a empresa assina um convênio com o governo do Estado de São Paulo para capacitar 240 professores na fase inicial. A Microsoft não revela quanto já investiu em inclusão digital no Brasil. Em projetos sociais, foram R$ 33 milhões desde 1999. O volume de recursos que será aplicado no futuro também não é revelado, mas Smith reforça a importância do país para a companhia: "O papel do Brasil só vai crescer", diz.