Título: Cotação do aço e ganho fiscal ajudam CST a elevar o resultado
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 18/02/2005, Empresas &, p. B5

A Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) registrou lucro líquido de R$ 500 milhões no quarto trimestre de 2004, com alta de 39,6% sobre o trimestre anterior. O bom desempenho elevou o resultado acumulado em 2004 para R$ 1,62 bilhão. É o maior lucro da história da companhia. Contribuíram para o recorde a alta nos preços do aço e a melhoria no mix de produção, com um maior volume de venda de laminados. Também pesou o reconhecimento de R$ 301 milhões relativos a ganhos de ação judicial contra o Plano Verão, de janeiro de 1989. A informação é de Leonardo Horta, diretor de relações com investidores da CST. A ação, julgada em última instância pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), garantiu à empresa ganhos fiscais no exercício, reduzindo a base de cálculo no pagamento do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Só no quarto trimestre, o ganho com a ação foi de R$ 4,5 milhões, estimou Horta. Segundo a consultoria Economática, o lucro da CST em 2004 é o maior desde 1988, quando o resultado da empresa foi de R$ 1,1 bilhão, valor já ajustado pelo IPCA até 31 de dezembro de 2004. "Temos a certeza de que o resultado da CST não é circunstancial, mas fruto de uma visão estratégica implementada ao longo dos anos, com forte gerenciamento interno nos processos", avaliou Horta. Ele reconheceu que a situação ímpar de mercado em 2004, com preços elevados, contribuiu para o desempenho. "Continuamos fazendo nossa parte, reduzindo dívida, investindo e pagando dividendos e participação nos resultados aos empregados da empresa." Essa participação corresponderá a 3,7 salários por empregado e será paga em 25 de fevereiro. Na mesma data, segundo Horta, a CST distribuirá aos acionistas R$ 178 milhões a título de juros sobre o capital. Em 18 de março, a empresa irá desembolsar outros R$ 288 milhões na forma de dividendos. Analistas de bancos de investimento ouvidos pelo Valor consideraram que o resultado da CST foi bom e em linha com as previsões. As ações preferenciais da empresa subiram 6,12%, ontem, no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), traduzindo os bons números do balanço. A companhia registrou receita líquida de R$ 1,55 bilhão no quarto trimestre e de R$ 5 bilhões no acumulado do ano, com alta de 37% sobre 2003. O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) foi de R$ 779 milhões no último trimestre e de R$ 2,4 bilhões em todo o ano. A CST produziu 4,9 milhões de toneladas de placas e 1,9 milhão de toneladas de bobinas a quente, volume de laminados 63% superior ao de 2003. O endividamento líquido caiu 44%, situando-se em R$ 1 bilhão em 31 de dezembro. Segundo ele, o projeto de expansão da capacidade da CST em 50% está dentro do cronograma, com previsão de que o terceiro alto-forno comece a operar em 6 de julho de 2006. Disse ainda que a assinatura do contrato com o BNDES, que deverá financiar a obra com cerca de US$ 300 milhões, poderá ser adiado, pois a empresa teve geração de caixa além do esperado. O diretor também reiterou que, caso o grupo Arcelor, seu controlador, decida participar com a Cia. Vale do Rio Doce e com a chinesa Baosteel do projeto de uma nova usina de placas no Maranhão, o fará por meio da CST. "Se a Arcelor participar em São Luís, será via CST. A estratégia (da Arcelor) para (aços) planos nas Américas passa pela CST", enfatizou. Segundo ele, a CST tem as melhores condições no país para liderar esse projeto em função da sua experiência e do seu conhecimento de mercado. Horta sinalizou ainda que os preços do aço deverão se manter firmes no primeiro semestre de 2005, mas reconheceu que o cenário é mais nebuloso para o segundo semestre. "Será um bom ano para a siderurgia, mas cheio de desafios, sobretudo na negociação dos insumos", previu Horta, referindo-se aos reajustes do minério e dos fretes marítimos.