Título: Vale faz acordo na Venezuela para criar companhia
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 18/02/2005, Empresas &, p. B7
A Companhia Vale do Rio Doce vai formar uma joint venture com a estatal venezuelana Corporación de Desarrolo de la Región Zuliana (Carbozulia), a companhia Carbosuramerica , para explorar as jazidas de carvão de Socuy e outras no Estado de Zulia, na Venezuela. Na segunda-feira, em Caracas, o presidente da Vale, Roger Agnelli, assinou carta declaratória com a estatal venezuelana reafirmando a intenção. Segundo comunicado da Vale, as duas empresas esperam concluir entendimentos nos próximos 60 dias para finalizar os termos de criação da nova empresa. Agnelli firmou também memorando de entendimento para futura associação com a Corporación Venezolana de Guayana (CVG), uma agência de desenvolvimento regional da província de Guayana, localizada no Sudeste do país. O acordo visa desenvolver em conjunto potenciais jazidas da região, com foco em minério de ferro e seus derivados; bauxita, alumina e alumínio e diamantes. Em meados de janeiro, Agnelli tinha sido recebido pelo presidente Hugo Chavez, com quem conversou sobre a possibilidade de acelerar as pesquisas locais de carvão, que considerou de excelente qualidade. Na ocasião, foi acertado que a Vale poderia analisar outras áreas de exploração de minério de ferro e bauxita, como está previsto no acordo assinado com a CVG. Em setembro, a Vale assinou memorando de entendimentos com a Corpozulia para exploração das reservas carboníferas na Venezuela. Este ano, a mineradora vai abrir escritório na Venezuela. O carvão é o principal alvo da Vale em sua busca de novas fronteiras de exploração e produção mineral no mundo. A meta da mineradora é chegar a 2009 produzindo 14 milhões de toneladas ao ano, incluindo a produção de Moçambique e das joint-ventures com empresas chinesas. O plano de Agnelli é chegar ao fim da década tendo a Vale como quinta maior produtora de coque e carvão metalúrgico. Depois de ganhar o direito de explorar as minas de carvão de Moatize, em Moçambique, pelas quais pagou US$ 122, 8 milhões, a mineradora desenvolve negócios na Venezuela, na China e, futuramente, na Austrália, para prospectar novas fontes do minério. O carvão é considerado relevante para o futuro da Vale, disse Agnelli em entrevista recente. A entrada da Vale nesse negócio completa sua estratégia de suprir os principais insumos da usinas de aço. "Estamos indo atrás do carvão para dar mais tranqüilidade aos investimentos em siderurgia", afirmou, após vencer a licitação de Moatize. Ele considera que o fato do Brasil não ter carvão é uma restrição ao crescimento da indústria siderúrgica nacional no longo prazo. "É preciso que as usinas tenham uma fonte confiável de fornecimento de coque e carvão metalúrgico", ressaltou.