Título: Secretário vê retomada de exportações em maio
Autor: Galvão , Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 03/06/2008, Brasil, p. A4

Os números da balança comercial, em maio, revelaram expressiva retomada do crescimento das exportações. Considerando as médias diárias, as vendas externas elevaram-se 22,2% de janeiro a maio. Nesse período, as importações aumentaram 49,2%, mantendo o forte ritmo das compras estimuladas pela cotação do dólar e pelo vigor do crescimento da economia. Nos últimos 12 meses (junho de 2007 a maio de 2008), as exportações cresceram 17,3%, ante 41,1% das importações.

O movimento dos embarques em maio fez com que as médias diárias dessem um salto. De janeiro a abril, elas foram 13,6% maiores que as do mesmo período em 2007. No caso das importações, o crescimento nos primeiros quatro meses do ano (43,6%) não foi muito menor que o do período janeiro-maio.

Na avaliação do secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, tem havido queda do saldo comercial devido ao aumento das importações, mas se espera a retomada do superávit porque as exportações vêm se recuperando e os preços das commodities subiram.

De janeiro a maio, a balança comercial registrou exportações de US$ 72,05 bilhões, importações de US$ 63,99 bilhões e saldo de US$ 8,65 bilhões. O diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, prevê que, neste ano, o saldo será 45% menor que o do ano passado (US$ 40 bilhões). Sérgio Vale, economista da MB Associados, projeta queda ainda maior (47%) se forem mantidas as médias diárias de janeiro a maio.

Analisando apenas os números de maio, Barral alerta que eles têm grande influência da greve dos auditores da Receita Federal. Alguns embarques realizados em abril foram registrados em maio. No mês passado, as exportações foram de US$ 19,3 bilhões, as importações chegaram a US$ 15,23 bilhões e o saldo foi de US$ 4,07 bilhões.

Na comparação das médias diárias de maio, os crescimentos em relação a maio do ano passado foram de 55,6% (exportações), 71% (importações) e 16,4% (saldo). O secretário calcula em aproximadamente US$ 1,2 bilhão o "efeito greve". Mesmo descontando esse valor das vendas, os números da exportação foram "muito bons" na sua opinião, o que marca maio com recordes para todos os resultados mensais para exportações e importações.

Na análise dos nove produtos mais exportados de janeiro a maio, o governo informa que prevalece o aumento dos preços. Nos dois casos de queda das quantidades embarcadas - petróleo (28%) e farelo de soja (5%) - há expressivos saltos das cotações: 82% e 57%. Nos outros sete produtos, acumulam-se elevações de quantidades e preços: soja em grão (6%, 56%), carne de frango (15%, 29%), aviões (50%, 3%), óleos combustíveis (10%, 65%), minério de ferro (11%, 4%), celulose (21%, 23%) e semimanufaturados de ferro e aço (20%, 20%).

Segundo o governo, as exportações de produtos básicos, no ano, têm crescimento de 35,4% nas médias diárias. Pelo mesmo critério, as vendas de semimanufaturados elevam-se 22,3% e as de manufaturados são 13,2% maiores que as médias do mesmo período em 2007. Barral ressalta que, de janeiro a maio, os embarques para a China aumentaram 51,9%.

O crescimento das importações continua forte. Os bens de capital tiveram o maior aumento no período janeiro-maio: 47,6%, variação justificada por Barral pelo ritmo dos investimentos públicos em infra-estrutura e modernização do parque industrial. Seguem-se matérias-primas e bens intermediários (44,9%) e bens de consumo (40,5%). Entre os bens de consumo importados, os duráveis têm salto de 64,6% e as compras de automóveis são 117,2% maiores.