Título: Serra critica articulação por CPI da Alstom
Autor: Felício , César
Fonte: Valor Econômico, 03/06/2008, Política, p. A10
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), condenou ontem as articulações da base aliada do governado federal no Congresso Nacional para a abertura de uma CPI na Câmara dos Deputados sobre o caso Alstom. Segundo Serra, a CPI "é parte do kit PT atuando". O governador disse que as informações factuais sobre o caso "até hoje não apareceram" e que deu ordens aos secretários para que forneçam todas as informações referentes ao relacionamento entre o governo estadual e a empresa francesa: "O que nós queremos agora é que nos seja enviado o relatório que deu base a todo o noticiário sobre o caso".
A declaração de Serra foi bem recebida pelos aliados do ex-governador Geraldo Alckmin, também presentes ao jantar em homenagem aos 10 anos de falecimento do ex-ministro das Comunicações Sérgio Motta. O gesto de Serra foi interpretado pelos alckmistas como a primeira demonstração inequívoca de solidariedade de Serra ao seu antecessor. Ainda que as suspeitas de irregularidades nos contratos recaiam sobre administração do falecido governador Mário Covas, Alckmin, então, vice-governador, teve participação ativa na condução do governo estadual. O ex-governador irritou-se ao comentar o tema, afirmando que "vivemos um período em que se quer confundir a opinião pública".
Na visão de auxiliares diretos de Serra, o governador teria decidido condenar a especulação política sobre o tema para que fossem afastadas quaisquer suspeitas de que Serra procuraria capitalizar o episódio para conseguir vantagens políticas, na divisão tucana em relação à eleição municipal deste ano.
A ala serrista do PSDB continua articulando a rejeição da candidatura de Alckmin na convenção do partido, que acontecerá no dia 22 de junho. Os defensores do ex-governador, em reação, esperam que o presidente do Diretório Municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo, envie uma carta a todos os filiados ao partido, pedindo que retirem qualquer moção de apoio a uma aliança em torno da candidatura do prefeito Gilberto Kassab (DEM). Os 380 tucanos que já assinaram esta moção serão convidados a tirar suas assinaturas. "Ninguém aqui podia imaginar que a nossa divisão fosse profunda a este ponto", comentou um ex-ministro do governo Fernando Henrique.