Título: Rodrigues pede a Lula rolagem de dívidas de investimentos
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Fonte: Valor Econômico, 18/02/2005, Agronegócios, p. B10

Em reunião no Palácio do Planalto nesta quinta-feira, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, tentou convencer o presidente Lula e o ministro Antonio Palocci (Fazenda) de que parte do setor vive a iminência de uma grave crise e que o governo federal tem duas opções: ou se antecipa aos efeitos da acentuada perda de renda do setor ou enfrentará uma forte pressão política pela renegociação geral das dívidas rurais. Para evitar o pior cenário, Rodrigues pediu a rolagem das parcelas de investimento do BNDES e do Banco do Brasil para os produtores sem capacidade de pagamento em razão de quebras de safra, disparada nos custos e queda de preços. Além disso, pede recursos para garantir a comercialização da safra. Seriam R$ 1,55 bilhão para equalizar os juros dos empréstimos e mais um bom subsídio do Tesouro para despejar R$ 3,5 bilhões na comercialização. Produtores e parlamentares da bancada ruralista já começam a montar uma frente única para exigir a prorrogação generaliza das dívidas do setor. "Sozinhos, não temos força. Mas juntos podemos forçar o governo a nos entender", diz Luiz Carlos Heinze (PP-RS), um dos principais líderes da bancada. Rodrigues busca garantir socorro mais imediato aos produtores de arroz e trigo, que têm cotações abaixo do mínimo, concorrência da Argentina e estoques mundiais em alta. Eles podem ser beneficiados pela aplicação de travas para evitar importações argentinas abaixo do custo. Depois, o ministro pensa nos problemas de milho, algodão e soja - menos urgentes, mas preocupantes, pelo poder político e a unidade dos produtores. Para atender às pressões da bancada do café, Rodrigues reformou a proposta inicial de prorrogação de R$ 535 milhões em dívidas, considerada "muito difícil". Agora, seriam rolados apenas os débitos de custeio com vencimento neste ano, ou cerca de R$ 125 milhões. Mais cedo, em almoço com entidades rurais (OCB, CNA, SRB e Abag), Rodrigues pediu unidade para enfrentar a crise que se avizinha. Apesar da baixa adesão da bancada ruralista ao candidato do PT à Presidência da Câmara, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), os parlamentares apostam em negociações pontuais com o governo para conseguir rolar as dívidas. (MZ)