Título: Berzoini nega que Diretório Nacional tenha autorizado aliança informal em BH
Autor: Jayme , Thiago Vitale ; Jorge, Danilo
Fonte: Valor Econômico, 03/06/2008, Política, p. A10

Sergio Lima/Folha Imagem - 30/5/2008 Berzoini: "O DN nada mais fez do que somar, às decisões da Executiva, um gesto de cordialidade e gentileza" O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), divulgou ontem nota oficial na qual esclarece que a decisão tomada pela Direção Nacional do partido, na sexta-feira, não contraria a posição da Executiva Nacional sobre as alianças em Belo Horizonte.

Na capital de Minas Gerais, o prefeito Fernando Pimentel (PT) costurou com o governador Aécio Neves (PSDB) uma aliança das duas legendas em torno da candidatura de Márcio Lacerda (PSB) à prefeitura. A Executiva Nacional decidiu, em duas oportunidades, desautorizar a aliança de forma contundente, vetando-a.

Na sexta-feira, o Diretório Nacional adotou decisão bem menos radical. A Executiva apenas " comunicou " aos mineiros de que não autorizava, em nenhuma hipótese, a participação do PT em coligação com os tucanos na cidade. O tom foi outro na resolução aprovada na sexta-feira, quando o partido " recomendou " aos mineiros uma nova discussão " afastando a possibilidade de coligação com PSDB e PPS " .

Berzoini ressalta, na nota divulgada ontem, que não houve mudança de rumo. Segundo ele, versões " fantasiosas e/ou capciosas " foram divulgadas por alguns veículos de comunicação.

" As deliberações anteriores da Executiva Nacional - inclusive a que vetou expressamente a pretendida aliança - serviram de base política e jurídica para a decisão do DN, como ficou claro no texto da resolução aprovada " , diz Berzoini, que prossegue: " Ao recomendar aos companheiros de Belo Horizonte que voltem a discutir e deliberar sobre o assunto, o DN nada mais fez do que somar, às decisões da Executiva, um gesto de cordialidade e gentileza para com os defensores da coligação, de maneira que o Diretório Municipal de BH possa adequar-se às decisões nacionais por sua própria deliberação, sem a necessidade de medidas estatutárias " .

Por fim, Berzoini ressalta que o Diretório Nacional não deliberou e não permitiu uma possível aliança branca com o PSDB, interpretação dada por alguns analistas políticos à suavização do tom da decisão do DN.

Para o secretário do Desenvolvimento Social e presidente do Diretório Estadual do PSDB em Minas, Custódio de Mattos, o apoio informal do PSDB à chapa composta pelo PSB e PT para a disputa da Prefeitura de Belo Horizonte não está descartado e dependerá de uma decisão a ser tomada pessoalmente pelo governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves. " Conversei nesta segunda-feira com o governador por telefone e ele avaliou que o processo está caminhando satisfatoriamente, mas como a coordenação nas últimas semanas ficou sob sua responsabilidade, aguardo a posição final dele para operá-la " , disse Mattos.

Segundo o tucano, que há poucas semanas recusava-se a vislumbrar qualquer chance de adesão informal do PSDB à chapa encabeçada pelo ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Márcio Lacerda (PSB), a possibilidade de um apoio à margem da coligação não foi descartada. Uma das dificuldades, de acordo com ele, seria a proibição legal para Aécio participar dos programas eleitorais do candidato socialista, caso o apoio fosse apenas informal. " Isso enfraquece a chapa, porque o governador tem grande aceitação junto ao eleitorado " .

As declarações de Mattos foram feitas antes que ele tomasse conhecimento da nota do PT. " É difícil tratar com a hermenêutica do PT, que tem um processo decisório confuso, quase irracional " , disse Mattos.

A nota de Berzoini surpreendeu líderes do PT e PSB favoráveis à aliança. " Vamos ter que conferir a ata do encontro do Diretório Nacional do PT, porque seus membros, pelo que sei, mudaram o veto para uma recomendação " , disse o deputado estadual Wander Borges, presidente do Diretório Estadual do PSB em Minas. Os socialistas reuniram-se na manhã de ontem para analisar o quadro sucessório em Belo Horizonte, que também estará na pauta do encontro nacional que o partido realiza nos dias 06 e 07 de junho, em Brasília.

Márcio Lacerda, por sua vez, preferiu a discrição e evitou fazer declarações a respeito das perspectivas de aliança entre petistas e tucanos. " Estou convencido que será encontrada uma saída, mas as negociações estão sob o comando da direção dos partidos " . Em almoço que reuniu líderes do PT e do PSB ontem, Lacerda discutiu pontos para a formatação da campanha, com base em dados preliminares de uma pesquisa de opinião prestes a ser finalizada pelo instituto Vox Populi. Essa sondagem irá balizar a propaganda eleitoral do candidato. Ficou acertado, ainda, que na quinta-feira ocorrerá a primeira plenária conjunta do PT e PSB, dando início às reuniões setoriais que ficarão encarregadas de definir a proposta de governo de Lacerda. (* Para o Valor)