Título: Emenda da oposição
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 23/02/2011, Política, p. 2

Depois que o PT enquadrou o senador Paulo Paim (PT-RS) para votar com a base pelos R$ 545, as entidades trabalhistas ficaram órfãs de representantes no Senado e tiveram que recorrer aos tucanos para apresentar proposta contrária ao governo na votação de hoje. O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), informou que apresentará hoje no plenário emenda criando política de reajuste da aposentadoria de quem ganha mais de um mínimo, a exemplo da regra estabelecida pelo Planalto para o vencimento-base. A emenda de Dias, no entanto, prevê que o índice de reajuste seja calculado levando em conta a inflação mais a média de 80% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos anteriores. O tucano apresentará também emenda questionando o dispositivo ¿desconexo¿ do artigo 6º do texto ¿ que permitiu a votação por urgência ¿ e do artigo 3º, que prevê o reajuste por decreto e proporá mudança para estabelecer o salário em R$ 600.

Enquanto parte do PSDB insiste na apreciação da emenda inspirada na bandeira de campanha presidencial de José Serra, o DEM encampou a proposta que as centrais sindicais defenderam na Câmara e aderiu aos R$ 560 como valor adequado para o mínimo. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), que foi procurado pelas centrais durante a votação do mínimo na Câmara, afirmou ontem que apoiará o mesmo valor para o mínimo deste ano. ¿É lógico que nós percebemos que somos minoria, mas vamos marcar posição. Nós devemos votar com a proposta de R$ 560, que é das centrais. Nós estamos isolados, temos que ser realistas¿, afirmou, sobre a proposta dos R$ 600. Aécio criticou a proposta do governo de reajustar o mínimo por decreto e afirmou que a manobra ¿mostra uma fragilidade do governo¿, ao evitar o debate com o Congresso, nos próximos anos.

Para o valor aprovado hoje no Senado passar a valer a partir de 1º de março, a presidente Dilma Rousseff precisa sancionar o projeto até segunda-feira que vem. (JJ)