Título: Grupo de Roberto Rodrigues investirá em usina em Minas
Autor: Jorge, Danilo
Fonte: Valor Econômico, 04/06/2008, Agronegócios, p. B11

No mesmo dia em que a produção brasileira de etanol ocupa lugar de destaque na agenda de discussões da conferência mundial da FAO, o braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para agricultura e a alimentação, dois grandes projetos para a produção de álcool foram anunciados ontem no Brasil, com investimentos superiores a R$ 1 bilhão. Um deles será tocado pela Agroerg, empresa capitaneada pelo ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues e um grupo de fundos estrangeiros.

"O mundo se debate numa discussão ridícula, porque a cana-de-açúcar não disputa espaço com os alimentos", afirmou Rodrigues em solenidade realizada ontem no Palácio da Liberdade, sede do governo de Minas Gerais. A Agroerg vai investir R$ 484,6 milhões na construção de uma usina com capacidade de moagem de 2,5 milhões de toneladas de cana para produzir 207 milhões de litros de álcool por ano.

A planta industrial, que será erguida em Centralina, no Triângulo Mineiro, será apta a produzir ainda 45 megawatts (MW) de energia. As operações de moagem começam em 2011 e a previsão é de que, a partir de 2013, quando a usina estiver funcionando à plena capacidade, as receitas da empresa superem os R$ 305 milhões ao ano.

A Agroerg foi constituída em 2007, a partir da união de Rodrigues com um grupo de fundos de investimentos estrangeiros. "Estamos entrando no negócio com gente do ramo, que tem agronomia no sangue", afirmou o ex-ministro, sem revelar o nome dos fundos. Os investimentos, segundo ele, serão bancados com recursos próprios e financiamentos propiciados pelo Banco do Brasil, BNDES e Banco de Desenvolvimento de Minas Geais (BDMG), além de aporte dos fundos estrangeiros.

A outra usina será implantada em João Pinheiro, município localizado no noroeste de Minas Gerais, pela Bionergética Vale do Paracatú (Bevap). Estão sendo investidos R$ 575,15 milhões na nova unidade, que terá capacidade de moagem de 3 milhões de toneladas de cana e produção de 258,5 milhões de litros de álcool ao ano. Os primeiros 845 mil hectares já começaram a ser plantados, demonstrando alta produtividade, segundo Márcio Diniz, presidente da empresa. "Atingimos, nessa fase, 142 toneladas por hectare", disse o executivo. Em cinco anos, essa área chegará a 36 mil hectares. "Vamos ter um usina com 100% de mecanização e irrigação", afirmou.

A usina, que entra em operação no ano que vem, estará apta a produzir também 80 MW de energia. Desse total, 60 MW vão suprir as necessidades da própria unidade industrial e o restante será vendido ao mercado. "Já conseguimos fechar contratos de fornecimento de cerca de 30% dessa carga, a um preço de R$ 180 o megawatt", comentou Diniz.

Os planos da Bevap são de ampliar essa capacidade de produção de energia, elevando o potencial para 110 MW, assim que a usina estiver em pleno funcionamento. Segundo Diniz, 20% dos investimentos são em recursos próprios e o restante será financiado por BB, BNDES, Caixa Econômica Federal e BDMG. A expectativa é que o faturamento anual da Bevap alcance R$ 266 milhões.