Título: Sudeste é região mais violenta do país, mostra levantamento do IBGE
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 05/06/2008, Brasil, p. A4

Com o objetivo de traçar um panorama dos principais temas relacionados ao desenvolvimento sustentável no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem documento com 60 indicadores das áreas ambiental, social, econômica e institucional do país. Segundo comunicado do IBGE, nos últimos anos, os maiores avanços foram na economia. Nas questões sociais, apesar das melhorias verificadas, ainda persistem grandes problemas a serem sanados.

A pesquisa destaca o aumento da violência. De 1992 a 2004, o Brasil viu crescer em 7,7 óbitos o número de homicídios por 100 mil habitantes. Segundo o IBGE, um dos principais responsáveis pelo aumento no número de mortes é a região Sudeste, que em 2004 apresentou a maior taxa, com 32,3 mortes por 100 mil habitantes. Na região, o Rio se destaca como o Estado com maior índices de homicídios do país, com 50,8 por 100 mil habitantes. Depois, vêm os Estados de Pernambuco (50,1) e Espírito Santo (48,3%).

A pesquisa mostra que a expectativa de vida do brasileiro subiu cinco anos entre 1992 e 2006. Hoje, o brasileiro vive, em média, 72,3 anos. Em 1992, o índice era de 67,3 anos. Apesar desse crescimento, as desigualdades persistem no país. Enquanto na região Nordeste era de 69,4 em 2006, alcançando 66,4 anos em Alagoas, na região Sul ela era de 74,4 anos, chegando a 75 no Estado de Santa Catarina, a segunda maior do país, atrás apenas do Distrito Federal, que tem 75,1 anos.

Além desse dado, o IBGE também apurou uma queda nos índices de mortalidade infantil do país. Para o instituto, o Brasil vem apresentando um declínio acelerado nas taxas, passando de 47% para 25,8% entre 1990 e 2005, uma diminuição de 45%. O IBGE acredita que a queda se deve, sobretudo, à melhoria das condições de vida da população com a melhoria do nível educacional, a ampliação da vacinação contra doenças infecciosas infantis e do acesso ao saneamento básico, e o incentivo ao aleitamento materno.

Outra constatação da pesquisa é que, apesar do crescimento no número de domicílios atendidos, 24,9% das moradias em área rural no país ainda não têm acesso ao saneamento básico. A região Nordeste, onde 42,5% dos domicílios na área rural não têm saneamento básico, é a que mais sofre com o problema. Na área urbana, o índice é bem menor: 1,7% dos domicílios não têm acesso ao esgotamento sanitário.

O levantamento mostra ainda que cerca de 10% da população brasileira com 15 anos ou mais de idade são analfabetas, o correspondente a 14,4 milhões de pessoas. E os que mais sofrem com o problema do analfabetismo são os negros e pardos. Segundo o IBGE, 14,6% dos negros e pardos são analfabetos.

Quanto à escolaridade, o IBGE revelou um dado preocupante. Em 2006, último ano pesquisado, a escolaridade média do brasileiro alcançava apenas 6,7 anos de estudo. Considerando-se que as pessoas de 25 anos ou mais de idade deveriam ter no mínimo 11 anos de estudo, o que corresponde ao ensino médio completo, e que a análise da escolaridade entre 1992 e 2006 mostra médias inferiores a oito anos de estudo, muitos sequer concluíram o ensino fundamental.