Título: Capital levanta US$ 2,25 bi e quer investir no Brasil
Autor: Adachi, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 04/06/2008, Finanças, p. C7

A Capital International Private Equity Funds (CIPEF), divisão da americana Capital Group para atividade de private equity em mercado emergentes, acaba de fechar a captação de US$ 2,25 bilhões em seu quinto fundo e quer ampliar seus investimentos no Brasil.

"Estamos avaliando uma série de oportunidades e esperamos fazer mais negócios no Brasil com esse novo fundo", afirmou Jim McGuigan, sócio da CIPEF. Com o seu fundo IV, a Capital International adquiriu participações na Editora Abril (já vendida), no Magazine Luiza e na São Teófilo, um veículo de investimento que detém participação na Aracruz. No total, foram aportados US$ 120 milhões nesses três negócios, o equivalente a 20% dos US$ 600 milhões do fundo IV.

Foi com recursos já do fundo V que a gestora integrou o grupo de investidores que comprou as operações do McDonald's na América Latina, inclusive Brasil. A Capital aportou US$ 73 milhões na compra da Arcos Dorados, com sede na Argentina, que tem o empresário Woods Staton como controlador e conta ainda com a participação da Gávea Investimentos e do DLJ South American Partners.

McGuigan diz que o fundo não tem por política fazer alocações setoriais, mas que a Capital está olhando particularmente duas linhas de negócios no Brasil: tudo o que é ligado a consumo (como Magazine Luiza e Editora Abril) e operações exportadoras de commodities - agrícolas ou não. A prospecção está a cargo de Guilherme Lins, sócio da gestora que está há nove anos na firma e responde por América Latina. "Não precisamos ter o controle das empresas, estamos satisfeitos com a posição de minoritários com influência na gestão", disse McGuigan.

Assim como não faz alocações setoriais, o Capital não define valores por países. "Analisamos as idéias no mercado global. Mas o Brasil em especial é importante para nós", disse.

A Editora Abril foi o primeiro investimento da Capital International no país, realizado em julho de 2004. Na ocasião, foram desembolsados cerca de US$ 50 milhões por 14% do grupo. O fundo saiu da empresa de mídia da família Civita ao vender sua participação ao grupo sul-africano Naspers por cerca de US$ 150 milhões em 2006. Em apenas dois anos, o retorno teria sido de 200%. McGuigan não comenta o resultado do investimento, mas deixa clara sua satisfação.

Na rede de varejo Magazine Luiza ele diz que os planos são de ficar por um bom tempo ainda. De acordo com o executivo, a rede tem avançado na profissionalização e no planejamento estratégico e os planos de lançamento de ações na bolsa continuam válidos.

O investimento na São Teófilo até agora não havia sido divulgado. A empresa tem como sócios, além da Capital, o grupo Moreira Salles e a família almeida Braga, do Icatu. A São Teófilo adquiriu 49% da Arapar, empresa que detém 28% do capital votante da Aracruz e 12,4% do capital total. A Arapar é a holding da família norueguesa Lorentzen.

O fundo V é o maior já captado pela CIPEF até hoje e também foi o maior fundo de private equity para mercados emergentes fechado este ano. Até agora, 27% dos US$ 2,25 bilhões já foram investidos em seis empresas -entre elas a Arcos Dorados. Dois investimentos foram feitos na China, um no Leste Europeu e dois na Rússia (incluindo a Unimilk, segunda maior produtora de laticínios da Rússia e da Ucrânia).

McGuigan espera que até o fim do ano 50% do dinheiro esteja investido, inclusive com nova aquisição no Brasil. Atualmente, o tiquete médio dos investimentos do fundo está em US$ 100 milhões. Mas a expectativa é que cresça. "Temos em vista oportunidades de maior porte e o valor médio pode ir a US$ 200 milhões ou mais."

Mais da metade do dinheiro captado veio de investidores americanos. Mas, segundo McGuigan, a base de investidores tem se diversificado cada vez mais. O restante dos recursos veio, de forma equilibrada, de Ásia, Europa e Oriente Médio. "Pela primeira vez temos também investidores da América Latina e Brasil, em pequena porção."