Título: Comércio exterior do HSBC no país vira modelo para AL
Autor: Júnior, Altamiro Silva
Fonte: Valor Econômico, 04/06/2008, Finaças, p. C7

Com crescimento na casa dos três dígitos desde 2006, as operações de comércio exterior do HSBC no Brasil viraram modelo para a América Latina. O responsável pela área no país, Luiz Simione, embarca hoje para o México onde vai cuidar das operações em toda a região e terá a missão de aumentar os negócios.

A área de financiamento ao comércio exterior não tinha muito peso nas operações do HSBC no Brasil. Desde 2004 começaram a ganhar importância. Naquele ano, Simione embarcou para Hong Kong para entender como os asiáticos conseguiam lucrar US$ 400 mil por hora com operações de comércio exterior (financiamentos e prestação de serviços). É a maior rentabilidade deste segmento que o banco tem no mundo.

O executivo ficou por lá dois anos. Voltou ao Brasil em 2006 e resolveu acelerar os negócios por aqui, dominados por grandes bancos, como Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Banco Real.

A principal estratégia do HSBC é usar sua presença global. Assim, pode atuar tanto na empresa exportadora no Brasil como na empresa que importa o bem, em algum país do mundo. O banco está em 83 países. Como exemplo desta estratégia, Simione cita o Oriente Médio. Cerca de 4,5 mil empresas brasileiras exportam pra lá US$ 10 bilhões ao ano, com uma pauta de mais de 250 produtos. O HSBC é o maior banco estrangeiro que opera na região e por isso, diz ele, tem condições de oferecer o melhor serviço ao exportador daqui.

Essa estratégia tem dado certo no Brasil. O crescimento de três dígitos tem sido tanto em número de clientes, quanto em número de operações e em valor dos negócios. Dos 500 maiores importadores e exportadores brasileiros, o banco tem negócios com 92%. Das 50 mil empresas que exportam, o HSBC tem negócios com 10%. Segundo Simione, há pouco mais de cinco anos essa participação era irrelevante.

A meta do HSBC é aumentar ainda mais esta fatia. O mercado continua dominado pelos grandes bancos de varejo. "Ainda somos pequenos, mas já incomodamos. Podemos não ter o mesmo tamanho (dos grandes bancos no país), mas eles não têm a presença global que o HSBC tem."

Nos últimos dois anos, o banco inglês investiu US$ 30 milhões em informática na área de comércio exterior no país. Além do mercado ficar cada vez mais eletrônico, Simione identifica outras duas tendências para os próximos três a cinco anos. O mercado vai ficar cada vez mais globalizado, principalmente agora que o Brasil virou grau de investimento. Outra tendência é um atualização da legislação. Muitas normas no país são de trinta ou quarenta anos atrás, ou seja, de uma outra realidade do mercado. Por isso, precisam passar por uma modernização.

A unidade brasileira do HSBC virou uma exportadora de executivos para outros países da América Latina. Além de Simione, que assume o cargo de diretor geral de comércio exterior e recebíveis para a região, outros três executivos foram promovidos.

A principal promoção foi de Emilson Alonso, que era presidente (e CEO) das operações no Brasil e agora vai ser o responsável por toda América Latia, que tem sede no México. Marcelo Teixeira, que cuidava da seguradora aqui, também está morando na Cidade do México há três meses. Por fim, Glen Valente, diretor de marketing do Brasil, virou o diretor da mesma área para toda a região.

O HSBC opera em 13 países da região e em seis meses deve entrar na Guatemala. Segundo Simione, na área de comércio exterior, a principal estratégia é aproveitar o comércio entre os países da região, cada vez maior. Eric Striegler, que era o segundo principal executivo da área de comércio exterior, vai substituir Simione.