Título: Comissão do Senado aprova convite a sete envolvidos
Autor: Ulhôa , Raquel ; Lyra , Paulo de Tars
Fonte: Valor Econômico, 06/06/2008, Política, p. A7

A Comissão de Infra-Estrutura (CI) do Senado, presidida pelo tucano Marconi Perillo (GO), decidiu investigar as denúncias feitas ao jornal "O Estado de S.Paulo" por Denise Abreu, ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de suposta ação da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) para favorecer o fundo de investimentos americano Matlin Patterson e sócios brasileiros durante o processo de compra da Varig pela VarigLog, em 2005.

Com os votos dos governistas, a comissão aprovou ontem requerimentos convidando pessoas envolvidas no episódio a prestar esclarecimentos. São sete os convidados para falar na reunião de quarta-feira, dia 11, entre eles Denise. Na quarta-feira seguinte, a CI pretende ouvir, entre outros, o advogado Roberto Teixeira, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Teixeira era advogado dos compradores. Segundo o empresário Marco Antonio Audi, um dos sócios, Teixeira teria recebido US$ 5 milhões para facilitar o negócio.

Além de Denise, foram convidados para a primeira audiência o ex-presidente da Anac Milton Zuanazzi, o ex-procurador-geral da Anac João Ilídio de Lima Filho, o juiz da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro Luiz Roberto Ayoub, o procurador Manuel Felipe Brandão e os ex-diretores da Anac Leur Lomanto e Jorge Veloso.

A relação de convidados para falar no dia 18 inclui, além de Teixeira, os três sócios brasileiros do fundo: Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel. A base aliada no Senado decidiu não ficar na defensiva e apoiar os convites para não demonstrar preocupação. O requerimento convidando Denise é do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). Mas os líderes do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), e do PT, Ideli Salvatti (SC), sugeriram que Zuanazzi e outros também fossem ouvidos.

"O que nós precisamos é não ter medo dos fatos. Doutora Denise, eu soube, vai ser convocada. Vamos torcer para que carga emocional e a dosagem de ressentimento não atrapalhem os fatos que vão surgir, e que precisam ser esclarecidos", afirmou o ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais).

Ele disse acreditar que "tem uma dosagem alta de ressentimento" nas acusações de Denise. Quem quer se antecipar e tem interesse no esclarecimento das coisas é o governo", disse Múcio. O ministro Paulo Bernardo (Planejamento), negou pressão. "Quem tem de esclarecer é quem está dizendo que houve", afirmou. Quanto a Teixeira, Bernardo disse não conhecê-lo, mas que não se pode "acusar quem entra no Palácio de estar fazendo tráfico de influência".