Título: Região Nordeste supera metas em educação
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 12/06/2008, Brasil, p. A4

Os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgados ontem, mostram que, em 2007, a região Nordeste atingiu ou superou as metas para 2009 em todos os níveis. Nas séries iniciais, a nota passou de 2,9 para 3,5. Nas séries finais, o índice subiu de 2,9 para 3,1, e no ensino médio, de 3,0 para 3,1.

Em 2005, o Nordeste havia registrado os piores índices em todo o país. Com o lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), os municípios com os piores resultados receberam prioridade no atendimento, com auxílio financeiro e técnico.

Em relação ao ensino fundamental, porém, todos os Estados do Nordeste registraram notas abaixo da média nacional, que passou de 3,8 em 2005 para 4,2 em 2007. Além dos nove Estados dessa região, todas as unidades federativas do Norte também registraram índices inferiores a 4,2. Considerando todos os níveis de ensino, dez Estados não atingiram a meta prevista para o ano: Alagoas, Amapá, Goiás, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Sergipe e Espírito Santo. Comparado aos outros níveis, o ensino médio foi o que registrou maior número de Estados que não cumpriram a meta.

Em todo o país, o Distrito Federal e o Paraná foram os Estados com melhores resultados nos primeiros anos do ensino fundamental, empatados com 5 pontos. Em comparação a 2005, Maranhão, Mato Grosso e Alagoas foram os Estados que registraram a melhor evolução, crescendo 0,8.

O Ideb, termômetro da qualidade do ensino público no país, foi divulgado pela primeira vez em 2006, com os resultados referentes a 2005. Essa é a primeira vez em que é possível comparar a evolução da qualidade da educação. Nos três níveis avaliados - séries iniciais, séries finais e ensino médio - houve melhorias e as metas de 2009 foram atingidas antecipadamente.

No ensino fundamental, numa escala de 0 a 10, a meta para 2007 era de 3,9 e acabou ficando em 4,2. Nas séries finais, o índice era de 3,5 e passou para 3,8, superando a meta de 2007 e a de 2009, que era de 3,7. Foi o ensino médio que registrou o crescimento mais tímido, passando de 3,4 para 3,5. Apesar de baixa, essa era a evolução esperada para o período pelo Ministério da Educação (MEC).

O ministro da Educação, Fernando Haddad, ao avaliar o resultado do Ideb, disse que "não se consegue corrigir tudo de uma vez só". Segundo ele, "é preciso compreender que é uma boa onda e que é preciso reforçar o que começou nas séries iniciais - vai chegando às séries finais do ensino fundamental e com muito esforço chegará ao ensino médio".

Para a presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Maria Auxiliadora Rezende, os resultados apontam que o país está reagindo. "Acho que sinaliza em primeiro lugar que é preciso continuar nessa mesma linha de tirar o regime de colaboração (entre governos estaduais, municipais e federal) do papel na construção de um sistema nacional de educação, ainda que informal", avaliou Maria Auxiliadora.

Apesar da melhora nos índices, a educadora avalia que o Brasil ainda precisa avançar. "Acho que tem que ficar um alerta, ainda estamos longe do ideal em termos de número. De 0 a 10, a gente está no 4,2, isso é muito sério, muito grave. O nosso prejuízo histórico é muito grande", indica.