Título: Cemig vai automatizar parque gerador
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 12/06/2008, Empresas, p. B12

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) planeja automatizar grande parte do seu parque gerador e sistemas de alta tensão, permitindo que hidrelétricas e grandes subestações passem a ser comandadas remotamente a partir do Centro de Operação do Sistema (COS), localizado na sua sede, em Belo Horizonte.

O processo de automação começa este ano pelas usinas de Miranda, Irapé e Queimado, que, juntas, contam com nove turbinas aptas a produzirem quase 900 megawatts, volume equivalente a cerca de 14% da capacidade total de geração da estatal. Também serão abrangidas, nessa fase inicial, as primeiras oito subestações de transmissão. O plano deverá ser concluído em 2011, interligando ao COS as instalações de 30 das 57 hidrelétricas e de 28 das 38 subestações da empresa.

"Vamos ganhar maior confiabilidade na operação do nosso sistema elétrico", diz Fernando Shuffner, diretor de geração e transmissão da companhia estatal mineira. Com a automação, que demandará recursos de cerca de R$ 24 milhões, todas as tarefas de reparo e funcionamento das usinas e subestações passarão a ser feitas a partir do COS, como, por exemplo, o aumento no ritmo de geração de energia, a partida de turbinas e a reconexão de linhas e djuntores.

"As equipes mantidas hoje nas nossas unidades ficarão encarregadas das ações de manutenção preventiva", disse o diretor de geração e transmissão. Cada subestação da Cemig conta, em média, com sete profissionais. Nas usinas, a média sobe para 15 trabalhadores.

No próximo ano, está prevista a automação de mais oito hidrelétricas, nas quais estão em operação 31 turbinas, representando capacidade instalada de 3.398 MW de potência. Nesse grupo, encontra-se a maior usina da estatal mineira, a de São Simão. Localizada no rio Parnaíba, fronteiriço aos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul, a hidrelétrica, posta em funcionamento há cinco décadas, tem seis turbinas e pode gerar 1.710 MW. Também serão automatizadas as usinas de Nova Ponte, Capim Branco I e II, Rosal, Sá Carvalho, Igarapava e Volta Grande.

Em 2010, está programada a automação de outras oito usinas, que operam 30 turbinas e produzem 2.722 MW. A maior delas é a de Emborcação, situada no rio Paranaíba, no Triângulo Mineiro, com capacidade para gerar 1.192 MW nas suas quatro máquinas. Em 2011, o plano da companhia é abranger um conjunto de 11 PCHs, com capacidade instalada conjunta de 70 MW em 24 turbinas.

Em paralelo, a automação de subestações terá o seu pico em 2009, quando passarão a ser comandadas pelo COS mais 17 unidades. Em 2010, serão mais três, concluindo o processo nessa área, abrangendo subestações de 230 a 500 quilovolts (KV). "A operação de todo esse sistema, interligado por rede de fibra ótica, será feita em tempo real", afirma o executivo.

Em outra frente, a Cemig parte para ampliar a potência de suas 32 PCHs, duas delas em Santa Catarina. A idéia é fazer intervenções que vão desde a reconstrução de usinas a troca de equipamentos, elevando a capacidade atual de 170 MW para 326 MW. Os investimentos são estimados em R$ 500 milhões.

Segundo Shuffner, já foram contratados estudos de viabilidade para outras 11 PCHs e, em breve, será aberta a licitação para outras nove. "Essas hidrelétricas foram construídas na década de 1950, para abastecer localidades específicas. Com as condições tecnológicas atuais, há condições de expandir a potência em prazo curto e sem grandes obras", afirma o diretor da estatal mineira.