Título: Hines terá sua própria construtora no país
Autor: Boechat , Yan
Fonte: Valor Econômico, 12/06/2008, Empresas, p. B13

A incorporadora e administradora de ativos imobiliários americana Hines comprou 50% da DMO Engenharia e Empreendimentos, uma pequena construtora paulista especializada em empreendimentos residenciais voltados para a baixa renda. Essa é a primeira vez na história que a companhia, criada há mais de 50 anos no estado americano do Texas, adquire participação em uma estrangeira com recursos próprios, sem a participação de fundos de private equity.

Na prática isso significa que a companhia não pretende sair do negócio em um tempo pré-determinado, como faz em todas as operações em que os recursos vem dos fundos de investimento administrados por ela. Com a aquisição, que de acordo com fontes do mercado deve ter custado algo entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões para a companhia americana, a Hines terá uma construtora e incorporadora dedicada exclusivamente a seus projetos. Quase todos eles, no entanto, devem receber aporte de capital dos fundos administrados pela companhia.

O foco da empresa será basicamente o mercado econômico voltado para a Classe C. A Hines já vinha atuando nesse segmento tanto como co-incorporadora ou como investidora financeira em diversos projetos. No passado, a companhia lançou empreendimentos com a Goldfarb e com a Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário. Depois que as companhias foram capitalizadas, a Hines iniciou uma parceria com DMO, com quem já lançou três conjuntos residenciais no interior de São Paulo, todos eles atuando tanto como incorporadora como investidora direta.

A partir de agora a DMO passa a ser o braço residencial oficial da Hines. Nenhuma das grandes companhias internacionais que atuam no mercado brasileiro tem uma empresa que atua no mercado com total exclusividade para seus projetos. Na maior parte das vezes, os investidores externos atuam no modelo de private equity, com data certa para saída do negócio. Inicialmente a Hines pretende fazer da DMO uma empresa de pequeno a médio porte. A companhia americana não pretende grandes injeções de capital para que a DMO cresça de forma rápida.

Neste primeiro ano de operação a companhia deve lançar cerca de duas mil unidades, com um Valor Geral de Vendas (VGV) total próximo de R$ 200 milhões. O primeiro empreendimento após a oficialização da parceria será feito no final do mês, em Valinhos, na região de Campinas. Serão 448 unidades divididas em quatro edifícios, com um VGV de cerca de R$ 40 milhões. Ao menos no primeiro momento, esse deve ser o padrão dos empreendimentos que a DMO colocará no mercado. Apartamentos com valor médio de R$ 100 mil e preço mínimo de R$ 75 mil.

A totalidade dos recursos investidos pela Hines na compra dos 50% da DMO serão aplicados diretamente na empresa. "Não recebemos nada, até porque percebemos que a Hines está apostando em um projeto de longo prazo", afirma Renato Vieira da Silva, fundador e um dos sócios da DMO. O processo de aquisição demorou quase um ano para ser concluído, devido à resistência da matriz americana em realizar um investimento direto em uma companhia estrangeira. "Achamos até que não ia acontecer, mas no final deu tudo certo", diz Silva, que continuará no comando da empresa.