Título: Parque Tecnológico de Salvador começa a ser construído, com dois anos de atraso
Autor: Salgado , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 13/06/2008, Brasil, p. A3

Com quase dois anos de atraso, terá início na próxima semana a construção do Parque Tecnológico de Salvador. Falta de recursos e lentidão na concessão de licenças ambientais atrasaram a obra, que deverá ficar pronta no fim de 2009 e consumir investimentos de R$ 100 milhões do setor público e R$ 65 milhões da iniciativa privada.

O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, Ildes Ferreira, que adiantou a notícia do início das obras ao Valor, não revela nomes, mas diz que já recebeu dez protocolos de intenção de empresas que querem se instalar no Parque. Há ainda o desejo de que a Petrobras seja umas das empresas-âncoras do local, com a instalação de um Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes). As empresas que forem para o Parque terão um desconto de 90% do ICMS referente a serviços de telecomunicação e, possivelmente, redução de ISS dos atuais 5% para 2%. "Estamos quase fechando a questão do ISS com a prefeitura", diz Horácio Hastenreiter coordenador do projeto.

O objetivo é criar um ambiente onde centros de pesquisas ligados a universidades, incubadoras e empresas de base tecnológicas desenvolvam inovações em três áreas prioritárias: biotecnologia, energia e tecnologia da informação e da comunicação. O Estado quer atrair empresas que agreguem valor à economia baiana.

Na área industrial o Estado ainda é muito dependente da petroquímica e a atividade tem perdido competitividade na Bahia. Nesta semana, por exemplo, o Pólo Petroquímico de Camaçari perdeu para o o Pólo de Triunfo, no Rio Grande do Sul, a primeira fábrica de plástico verde do mundo - polietileno fabricado a partir do etanol. A unidade será construída pela Braskem com investimentos de R$ 400 milhões. A tentativa de desenvolver a indústria de informática na Bahia também não foi bem sucedida. Embora as empresas o Pólo de Informática de Ilhéus estejam vendendo mais, elas se tornaram maquiladoras, importando cada vez mais itens e apenas montando computadores.

Na primeira fase da construção do Parque Tecnológico, a Construtora NM, vencedora da primeira licitação, entregará, em nove meses, a infra-estrutura básica: complexo viário, rede elétrica, sistema de água e esgoto. A partir do terceiro mês do início dessas obras, haverá nova licitação e terá início a construção do módulo central do Parque, onde ficarão as novas sedes da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), em uma área de 150 mil metros quadrados. Haverá um espaço denominado Virtuarium, um projetor digital de alta definição em 360 graus. "Vamos trazer estudantes e ajudar a popularizar a ciência entre os jovens", diz Ferreira.

Depois, em uma área de 430 mil metros quadrados, de propriedade da Patrimonial Saraíba, poderão ser erguidas as instalações de empresas que queiram ter centros de pesquisa e laboratórios no local.

O projeto do Parque Tecnológico começou a tomar corpo no governo anterior, de Paulo Souto (DEM), mas não foi para frente por falta de recursos federais. Em outubro do ano passado, o governo federal liberou R$ 13,6 milhões. "Haverá mais dinheiro, o total federal será de R$ 27 milhões", diz Ferreira. Além desses investimentos, a secretaria contou com a ajuda da prefeitura, que doou parte do terreno.

A preocupação com a sustentabilidade, de acordo com Ferreira, permeará toda a construção. O Parque Tecnológico terá postes de iluminação feitos com madeira de eucalipto reflorestada, ruas com um pavimento capaz de absorver água e a terraplanagem será evitada, pois as empresas devem se instalar nas áreas mais altas do local.