Título: Novas refinarias da Petrobras podem exigir investimentos de US$ 40 bi
Autor: Santos , Chico
Fonte: Valor Econômico, 13/06/2008, Empresas, p. B8

A Petrobras e eventuais parceiros deverão investir um valor próximo a US$ 40 bilhões até 2015 na construção de cinco refinarias - três delas já aprovadas e com obras em andamento.

A cifra é um valor estimado a partir do anúncio feito ontem pelo diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, de que uma refinaria "premium", com capacidade de 300 mil barris por dia, está sendo negociada para construção no Ceará, cujo orçamento chega a US$ 11 bilhões. Uma segunda unidade com o dobro da capacidade de processamento de óleo - 600 mil barris/dia - está projetada para ser construída no Maranhão. Paulo Roberto Costa disse que ainda não tem o cálculo do custo da unidade, mas ressaltou que seu preço será maior, mas não o dobro da refinaria cearense.

Os números relativos à instalação industrial poderão ser revelados depois da próxima semana, quando Costa espera assinar com o governo do Maranhão um memorando de entendimento para avaliar a viabilidade do projeto. Documento semelhante já foi assinado com o governo do Ceará, prevendo 120 dias para a definição de pontos como área (próxima ao porto de Pecém), abastecimento de água e de energia. A idéia da Petrobras é de que tanto no Ceará como no Maranhão o terreno para a planta seja doado pelo Estado.

As outras refinarias que serão construídas pela estatal nos próximos anos são a unidade básica do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), com capacidade para processar 150 mil barris diários de óleo pesado; a refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, capaz de processar 200 mil barris/dia, parceria com a venezuelana PDVSA; e uma pequena unidade de 30 mil barris/dia a ser construída no Guamaré, no Rio Grande do Norte, a partir da ampliação de uma unidade já existente para a produção de diesel, querosene de aviação e gás de cozinha (GLP).

A refinaria do Comperj e mais as plantas de resinas a ela acopladas foi orçada inicialmente em US$ 8,4 bilhões, quando o dólar estava cotado a aproximadamente R$ 2. Costa disse que a avaliação definitiva de preços só será possível quando forem contratados os primeiros equipamentos e as empresas de gerenciamento (conhecidas como "epecistas") que irão comandar as diversas fases da obras, mas admitiu que o valor atual está defasado. As obras de terraplenagem do Comperj, no município de Itaboraí (RJ), já foram iniciadas.

A refinaria Abreu Lima também já teve suas obras de terraplenagem e 16 empresas "epecistas" estão em processo de contratação, segundo Costa. O valor inicial da unidade, de US$ 4,05 bilhões, também deverá ser revisto para cima. Finalmente, a transformação em refinaria da unidade de Guamaré vai custar US$ 200 milhões. Além do que já produz, ela passará a fazer também gasolina, destinada a abastecer o mercado potiguar que, segundo Costa, por não dispor de um porto profundo, tem dificuldade para sediar uma unidade de maior porte.

Considerados os números já revelados, as unidades do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro custarão US$ 23,65 bilhões, número que facilmente chegará a US$ 26 bilhões com as revisões de preços dos dois últimos projetos. Neste exercício, bastaria que a unidade gigante do Maranhão custasse US$ 14 bilhões para o as cinco refinarias alcançarem um total de US$ 40 bilhões.

O diretor da Petrobras disse que as refinarias do Ceará e do Maranhão irão produzir, principalmente, óleo diesel. O combustível para caminhões representará 60% da capacidade de cada uma delas. A maior parte do diesel irá para o mercado externo e as duas usinas serão concebidas para refinar um mix de óleos pesados e leves, já considerando o petróleo que será produzido nos campos do pré-sal, como Tupi. Pelo cronograma da Petrobras, a refinaria do Rio Grande do Norte entra em produção em 2010, a de Pernambuco e o Comperj, em 2012 e as outras duas, entre 2014 e 2015.