Título: Iveco amplia leque de produção na AL
Autor: Jorge , Danilo
Fonte: Valor Econômico, 13/06/2008, Empresas, p. B10

O forte crescimento demonstrado pelo mercado de veículos comerciais da América Latina levou a Iveco a rever os seus planos para a região. Embalada por um crescimento nas vendas de 36% somente nos primeiros cinco meses deste ano, a empresa decidiu elevar seus investimentos de R$ 375 milhões para R$ 570 milhões até 2010. Os recursos contemplam o aumento de capacidade das fábricas no Brasil, Venezuela e Argentina, além da introdução de novos produtos. Futuramente, a Iveco planeja ainda passar a produzir no Brasil modelos hoje fabricados na China, com vistas a atender países andinos.

"A América Latina representa 10% do nosso faturamento global, de ? 11 bilhões de euros, e queremos dobrar essa participação nos próximos três anos", afirmou ontem o presidente mundial da Iveco, Paolo Monferino, em visita à fábrica de Sete Lagoas (MG), a 96 quilômetros da capital mineira. O executivo não informou como será distribuído o investimento adicional de R$ 195 milhões entre as operações da empresa na América Latina, mas 80% devem ficar com a unidade brasileira. "Os recursos serão para aumento da capacidade e a introdução de novos produtos que não tinham sido incluídos nos planos iniciais", acrescentou Monferino.

No mapa dos negócios da Iveco no continente, o Brasil ocupa lugar de destaque, respondendo por 70% das receitas de ? 1 bilhão de euros apurados pelo grupo em toda a região. Em 2007, as vendas da fabricante de caminhões do grupo Fiat subiram 120% e nos primeiros cinco meses deste ano a expansão foi ainda maior, chegando a 141%. "O Brasil tem sólida base econômica e financeira e deverá manter o crescimento pelo menos nos próximos cinco anos", avaliou Monferino. É nesse prazo, segundo ele, que a Iveco quer fazer a sua escalada no ranking do setor. "Temos todas as oportunidades para sermos líder de mercado", afirmou o executivo.

Nessa planejada arrancada no continente, a fábrica de Sete Lagoas será estratégica. Além de ter a sua capacidade duplicada, de 30 para 60 caminhões médios e pesados por dia a partir de janeiro de 2009, passa a abrigar o sétimo Centro de Desenvolvimento de Produto (CDP) do grupo no mundo, inaugurado ontem por Monferino e os executivos da Iveco. Será dos laboratórios e oficinas do CDP, que exigiu investimentos de R$ 30 milhões, que sairão pelo menos duas novas famílias de caminhões da marca ao ano. "Esse centro será uma peça fundamental para o nosso crescimento na América Latina", afirmou Renato Mastrobuono, diretor de desenvolvimento de produto da Iveco na região.

As outras fábricas da Iveco também passam por expansão. A unidade da Argentina (em Córdoba), apta para 40 unidades dia, ampliará a capacidade de produção de portas, cabines e demais conjuntos sistêmicos, para atender as linhas de montagem do Brasil e da Venezuela. A fábrica venezuelana (em La Victoria) terá sua capacidade de produção dobrada, passando de 26 para 40 unidades por dia.

Mas os planos da fabricante de caminhões contemplam ainda o reforço de sua presença em outros países da região. "Fora dos três países onde temos fábricas, a nossa participação é muito baixa e visamos, agora, outros mercados com grande potencial, como Chile e Colômbia, e nichos atraentes no Peru e Equador", afirmou Marco Mazzu, presidente da Iveco para a América Latina.

Futuramente, a Iveco pretende também passar a produzir no Brasil modelos hoje fabricados pelas três joint ventures que o grupo mantém na China, onde a produção chega a 100 mil unidades ao ano. Desse total, de acordo com Monferino, apenas 35% atendem exigências internacionais de qualidade. "Estamos trabalhando para ampliar a qualidade e confiabilidade tecnológica na China, com a finalidade de explorar o potencial de exportações e, também, passar a fabricar alguns modelos no Brasil", disse Monferino.