Título: Blair chama Petrobras para discutir meio-ambiente
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 02/02/2005, Brasil, p. A4

O governo britânico, que preside o G-7 este ano, convidou a Petrobras e outras 23 grandes empresas internacionais para discutir a perspectiva empresarial no combate ao principal desafio na área ambiental: mudança climática. A seguradora suíça Swiss Re, outra convidada, estima que os estragos causados pelo aquecimento do planeta podem dobrar para US$ 150 bilhões por ano até 2010. Tony Blair, o primeiro-ministro britânico, propõe um "consenso mundial" na área. Para viabilizar esse consenso, quer anunciar no encontro dos países industrializados, em julho na Escócia, um pacote de medidas para reduzir as emissões de gases. Ildo Sauer, diretor para gás e energia de Petrobras, foi um dos participantes de uma restrita reunião com Tony Blair em Davos. Ele indicou que o Brasil está pronto a aumentar substancialmente a exportação de etanol. A proposta certamente não agradará a França, que quer estimular sua própria indústria de etanol e teme a competitividade brasileira. Horas depois, ainda em Davos, o representante da Petrobras recebeu convite por fax do principal assessor de Blair para o G-7, convidando a empresa para um encontro técnico este mês em fevereiro. Provavelmente em maio haverá outra reunião com o primeiro-ministro britânico. A Petrobras estará ao lado de companhias como Volkswagen, Ford, BP, Boeing, HP, ABB, Rio Tinto, Alcan, British Airways, Swiss Re, Siemens, UBS, Ford, Cisco e HP. Tony Blair procura "estímulos e idéias" do setor privado. A agenda de discussão inclui: identificar como proteger ou criar valor para os acionistas através do combate a mudança climática; estabelecer mecanismos para crescimento com pouca emissão de carbono e identificar barreiras para isso seja alcançado; estimular projetos de investimentos que respeitem o meio-ambiente; explorar códigos e padrões voluntários de respeito ambiental; e cristalizar o papel do empresariado na promoção de pesquisa e desenvolvimento em áreas críticas para melhorar a eficiência energética e consumir mais energia limpa. Blair reconheceu em reuniões privadas que os EUA e a Austrália não assinarão o Tratado de Kyoto, para reduzir as emissões de gás carbônico, que entra em vigor no próximo dia 16. Mas vê espaço para ambos se engajarem nesse combate. Acena com um pacote que não significará um "corte drástico" no crescimento econômico ou no padrão de vida dos países industrializados, mas que abrirá oportunidades também econômicas. A iniciativa de Blair em Davos coincidiu com a divulgação do Índice de Sustentabilidade Ambiental (ESI, em inglês) das Universidades de Columbia e Yale. Ele calcula a capacidade dos países de protegerem o meio-ambiente nas próximas décadas. Leva em conta 76 tipos de dados (poluição, recursos naturais, esforços de gerência ambiental, capacidade da sociedade melhorar seu desempenho ambiental etc) para mostrar a capacidade de cada país, conforme seu grau de desenvolvimento. Constata ainda os países que têm poucos recursos mas bem administrados e outros que fazem bem menos do que podiam. A Finlândia está no topo de 146 países, seguido da Noruega, Uruguai, Suécia e Irlanda. O Brasil está na 11ª posição geral, mas em quarto no mundo em desenvolvimento - em todo caso, bem melhor que os EUA, em 45ª posição geral.(AM)