Título: Acusado, Genro diz que Yeda está tensa
Autor: Jurgenfeld , Vanessa ; Bueno , Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 16/06/2008, Política, p. A9

O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), está "excessivamente tensa e instável" em função da crise política que enfrenta. Ele se referia às acusações feitas pela tucana em entrevista à revista "Veja" sobre a existência de uma suposta conspiração para derrubá-la do governo gaúcho, liderada pelo ministro. "Isso é coisa da República de Santa Maria", disse a governadora, de acordo com a revista, numa alusão à cidade onde Genro começou a carreira política, onde nasceu a filha dele, a deputada federal Luciana Genro (P-SOL), que protocolou pedido de impedimento de Yeda na Assembléia Legislativa gaúcha, e também onde o superintendente da Polícia Federal no Estado, Ildo Gasparetto, que comanda as investigações de fraudes no Detran, iniciou sua trajetória profissional.

Na entrevista de ontem, Genro disse que "pessoalmente" não vê motivos para um pedido de impedimento contra a governadora e afirmou que a Polícia Federal age "estritamente" dentro da lei. De acordo com ele, a governadora está equivocada na escolha dos alvos de suas acusações.

O ex-governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), disse que é preciso levar em conta, na crise que se abate sobre o governo de Yeda Crusius (PSDB), o fato de se tratar de um ano eleitoral. "Às vezes isso faz com que as coisas se misturem", disse. Ele acredita que as denúncias do governo de Yeda poderão interferir nas campanhas eleitorais municipais de outubro. "É natural que todo esse processo interfira nas eleições municipais e que venha a ser objeto de campanhas. Mas isso depende do resultado das investigações", afirmou.

Presente na sexta à Conferência Regional Sul para discutir a Reforma do Sistema Tributário Brasileiro, em Florianópolis, ele também voltou a criticar a forma precipitada como a governadora vem sendo julgada. "Acho que não pode, antes de terminar a investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembléia Legislativa, partir para o impeachment", disse.

Há poucos dias, o P-SOL pediu o impeachment da governadora gaúcha. "Ela foi eleita de forma legítima pelo voto e isso tem que ser respeitado. Tem pessoas do governo que podem estar envolvidas, mas que têm ser separadas das demais que podem não estar", defendeu.