Título: Maior defesa pela venda dos remédios
Autor: Álvares, Débora
Fonte: Correio Braziliense, 24/02/2011, Brasil, p. 11

EMAGRECEDORES Apenas um dos quatro especialistas que debateram, em audiência, a proibição dos inibidores de apetite tem posição igual à da Anvisa

Defesas contundentes a favor dos inibidores de apetite marcaram a audiência pública realizada ontem pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Médicos e farmacêuticos que compareceram ao encontro não se intimidaram. Como adiantou o Correio na edição de ontem, as classes defenderam veementemente a manutenção dos emagrecedores no mercado.

Entre os debatedores convidados pela entidade reguladora, apenas um se posicionou a favor da Anvisa. O coordenador executivo da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos (Sobravime), José Rubem de Alcântara, foi enfático ao afirmar o perigo dos medicamentos questionados . ¿Essas substâncias não produzem saúde, mas doença¿. O médico sanitarista também ironizou um dos argumentos usados pelos defensores dos remédios de que alguns pacientes não conseguem perder peso somente com dieta e exercícios. ¿É uma total falta de conhecimento da medicina. Os médicos que dizem isso deveriam voltar para a faculdade, para cursos mais modernos¿.

Para Maria do Carmo Garcêz, que representou a Associação Nacional das Farmácias Magistrais, é precipitada qualquer retirada de anorexígenos do mercado. ¿Com a abolição dessas alternativas ao tratamento da obesidade, vai aumentar o contrabando de medicamentos, o que é arriscado, já que os pacientes não terão acompanhamento médico.¿

Mais cirurgias A classe médica também teme o aumento da procura por cirurgias bariátricas. O presidente da Associação Nacional de Nutrologia, Durval Ribas Filho, dá a situação como certa. Segundo ele, há apenas cinco formas de tratar a obesidade: dieta, atividade física, medicamentos, acompanhamento psicológico e cirurgia bariátrica. ¿Retirar um desses métodos da lista, que já é restrita, vai certamente aumentar a procura pelo procedimento cirúrgico.¿ O especialista vê a intenção de proibir inibidores de apetite como um problema de saúde pública. ¿Quando ocorreu na Argentina, ela virou o país da América Latina com maior média de obesidade. É o que vai ocorrer aqui em seis ou sete anos.¿

Apesar do posicionamento da Anvisa, defendido no início da audiência pública com a explicação de análises feitas pelos técnicos do órgão, o presidente interino da agência, Dirceu Barbano, ressaltou a importância do debate. ¿Embora não tenhamos encontrado informações que nos deem segurança em relação aos remédios, queremos discutir se isso é ou não inevitável. Por isso, a audiência¿. Os dados apresentados na audiência serão anexados a um relatório que passará por uma nova avaliação da agência. Barbano não determinou um prazo para que a decisão seja tomada.