Título: Vale implanta novo sistema de sinalização na EFVM
Autor: Jorge , Danilo
Fonte: Valor Econômico, 19/06/2008, Empresas, p. B12

A Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), controlada pela Companhia Vale do Rio Doce, esta prestes a aposentar o seu atual sistema de sinalização de tráfego, em operação desde a década de 1970. Baseado em componentes elétricos, ele será totalmente substituído por uma nova rede eletrônica, dando sinal verde ao aumento da circulação de trens pelos 905 quilômetros de trilhos que separam as minas de ferro exploradas pela Vale em Minas Gerais e o porto de Tubarão, no Espírito Santo. "Estamos saindo da era analógica", diz Luiz Fernando Landeiro, gerente geral de desenvolvimento e serviços técnicos ferroviários da mineradora.

O projeto de modernização, a ser concluído em 2010, abrangerá a malha troncal de 601 quilômetros da EFVM, composta por duas linhas que permitem o deslocamento dos trens em direções opostas, e o pátio ferroviário de Tubarão. "Apenas alguns ramais e trechos secundários não serão contemplados", afirma Landeiro. O custo de implementação do programa não foi informado, mas faz parte do investimento de US$ 1,8 bilhão que a Vale executará neste ano nos seus negócios de logística.

A substituição da sinalização permitirá à EFVM ampliar em 23% o tráfego de trens em suas linhas, nas quais transitam algo entre 60 a 65 composições ao dia. Assim, a ferrovia estará preparada para dar suporte aos planos de crescimento de embarque de minério de ferro da Vale por Tubarão, que deve passar de 100 milhões toneladas para 120 milhões de toneladas ao ano.

Isso será possível porque o novo complexo de sinalização propiciará ao Centro de Controle Operacional (CCO) da EFVM, situado em Tubarão, uma maior cobertura da malha. Atualmente, a EFVM conta com sistemas de sinalização (pontos de sinalização) distribuída a cada 7,5 quilômetros de sua linha, com subseções a cada 3,5 quilômetros. Com a nova rede, composta por microprocessadores, serão implantados pontos a cada 3,5 quilômetros, com subseções de 1,75 quilômetro. "Vamos preencher os espaços vazios da via, dando maior flexibilidade ao controle do tráfego", afirma Landeiro. A maior capacidade de mapeamento da malha, por exemplo, permitirá aos controladores reduzirem a distância entre os trens, ampliando, assim, o fluxo nos trilhos.

A GE Transportation, braço do grupo americano para a área de transporte, fornecerá os equipamentos e dará suporte à engenharia do projeto. Parte dos equipamentos eletrônicos será importada dos Estados Unidos, enquanto componentes de infra-estrutura e o trabalho de desenvolvimento de software serão de responsabilidade da fábrica da companhia localizada em Contagem (MG), próximo a Belo Horizonte. "Este é o primeiro projeto de sinalização de grande porte que desenvolvemos no Brasil", afirma Rogério Guimarães Mendonça, diretor de serviços da GE Transportation para a América Latina. "Há outros projetos em fase de negociação e a nossa expectativa é expandir para outros operadores ferroviários."

Segundo Mendonça, o contrato com a EFVM faz parte da nova estratégia da empresa no mercado brasileiro, que tem como meta oferecer um leque diversificado de produtos e serviços. "Estamos ampliando nossa atuação no país, constituindo um portfólio completo de soluções para o setor ferroviário", diz o executivo. Para isso, foi montado recentemente um "pool" de engenharia na unidade de Contagem. São cerca de 40 engenheiros, que além de dar suporte ao projeto da EFVM, estão encarregados de apoiar as área de manutenção e produção.