Título: Cemig suspende licitação por considerar preços altos
Autor: Marta Watanabe
Fonte: Valor Econômico, 02/02/2005, Empresas &, p. B6

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) desqualificou as quatro empreiteiras que disputam a licitação de R$ 1,275 bilhão para levar energia a zonas rurais do Estado. As propostas comerciais da Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa foram rejeitadas pela comissão interna de licitação da Cemig por apresentarem preços entre 15% e 18% acima do valor de referência estabelecido pela companhia para cada lote. As empreiteiras terão prazo de oito dias úteis, que começou a ser contado na segunda-feira, para apresentar nova proposta. O procedimento deverá resultar em atraso no início das obras do programa Luz para Todos, que estava previsto para 1º de março. As quatro empresas desqualificadas receberam com naturalidade a decisão. A convocação para uma nova apresentação de proposta é comum quando a empresa responsável pela licitação considera os valores apresentados muito acima do praticado no mercado. A decisão beneficiará a Camargo Corrêa, que ficaria fora caso fossem acatadas as propostas divulgadas na semana passada. De acordo com os envelopes abertos na quarta-feira passada, a empresa não venceria nenhum dos quatro lotes licitados. A construtora confirmou ontem que participará da próxima rodada, apresentado nova proposta comercial. A Odebrecht, que apresentou o melhor preço para dois dos quatro lotes licitados, também confirmou ontem que enviará nova proposta para a Cemig. Por meio da subsidiária CBPO, a empreiteira foi considerada a principal vencedora, ficando com mais da metade da verba da licitação. Para a realização das obras nas regiões noroeste, leste e Triângulo Mineiro, a CBPO apresentou uma proposta de R$ 656 milhões. Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão teriam vencido um lote cada uma. A Andrade propôs R$ 292,6 milhões para as obras no sul de Minas, na zona da Mata e na Serra da Mantiqueira. Por R$ 326,1 milhões, a Queiroz Galvão ficaria com o norte do Estado. A bilionária licitação da Cemig vem sendo alvo de críticas por grupos menores que, por imposição do edital, não puderam entrar na disputa. O edital determina que a receita das empresas seja três vezes superior ao valor do contrato. Duas empresas que chegaram a apresentar documentação de habilitação, a Selt e a Unicoba, foram desqualificadas na primeira etapa. Para ligar 142 mil clientes da zona rural, será necessário construir 55 mil quilômetros de rede no interior de Minas Gerais.