Título: SN Power vai investir R$ 2 bi no Brasil
Autor: Capela , Maurício
Fonte: Valor Econômico, 23/06/2008, Empresas, p. B6

O Brasil entrou na rota de investimentos da norueguesa SN Power. Criada globalmente em 2002 com o objetivo de investir em geração de energia, a partir de fontes renováveis, em mercados emergentes. A companhia pretende despejar R$ 2 bilhões no país até 2010 e formar um parque de aproximadamente 600 megawatts (MW). E o objetivo é erguer empreendimentos hídricos e eólicos.

Ricardo Martins, diretor de desenvolvimento de negócios da SN Power, conta ao Valor que a idéia é ter 500 MW de fonte hídrica e 100 MW de eólicas no país. E a estratégia varia de acordo com o insumo. No caso das eólicas, Martins explica que o grupo norueguês buscará adquirir projetos que ainda não tenham saído do papel, enquanto que na hídrica a meta é comprar desde Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) até hidrelétricas prontas. "Mas estudos hídricos também nos interessam. Só não temos intenção mesmo em participar da construção de usinas na Amazônia", conta o executivo.

Martins, que passou a primeira metade do ano formatando o planejamento estratégico da SN Power no país, conta que as negociações de compra estão em andamento. E deixa claro que a multinacional não abre mão de ser majoritária nos projetos incorporados, tanto que se a Cia. Energética de São Paulo (Cesp) tivesse suas concessões de usinas renovadas e fosse levada novamente à leilão, o grupo norueguês participaria da disputa.

O executivo não esconde que estuda também participar dos leilões de energia do governo federal, desde que alcance uma taxa de retorno compatível com o investimento. "O nosso único alvo é a geração de energia a partir de fontes renováveis no país. Não temos interesse em transmissão ou distribuição", garante Martins.

Mas a vontade da SN Power em investir aqui não é à toa. Segundo a diretriz estratégica da multinacional, o país e a Índia serão as peças-chave do crescimento global da empresa imaginado para 2015.

Hoje, a SN Power possui 580 MW em operação e a projeção é que chegue em 800 MW no ano que vem. Esses empreendimentos estão espalhados por Chile, Peru, Índia, Filipinas e Nepal. Além desse montante, a empresa ainda tem 1,8 mil MW em estudos, sendo 1,75 mil MW em hidrelétricas e 50 MW em eólicas.

Mas a meta para 2015 é mais ambiciosa. É gerar 4 mil MW de energia a partir de fontes renováveis em mercados emergentes. E é nesse cenário que Brasil e Índia são fundamentais.

Mas se o Brasil é peça-chave no planejamento mundial por que só agora a SN Power resolveu desembarcar por aqui? Segundo Ricardo Martins, o país tem sido alvo de estudos da multinacional desde 2002, quando a empresa colocou seu pé no Chile e Peru. E a empresa só não veio para cá naquela data porque o Brasil havia acabado de por um ponto final no racionamento de energia, que reduziu drasticamente a demanda pelo insumo. "Naquela época, a McKinsey fez um estudo para a SN Power sobre a América do Sul e constatou que o Chile e o Peru ofereciam melhores condições de investimento no curto prazo", conta o executivo.