Título: Fundos de emergentes têm resgates pela 2ª semana
Autor: Campos,Eduardo
Fonte: Valor Econômico, 23/06/2008, EU & Investimentos, p. D2

A terceira semana de junho, encerrada dia 18, teve acentuada movimentação de recursos entre os fundos de investimento internacionais. De acordo com a EPFR Global, consultoria que acompanha fundos que reúnem mais de US$ 10 trilhões em ativos, os emergentes continuaram perdendo recursos e os fundos de ações do Japão mantiveram a tendência positiva.

Também foi detectada uma rotação de investimentos saindo dos Money Market Funds (renda fixa de curto prazo e baixo risco) para Exchange Traded Funds (ETF, fundos de cotas atrelados a um índice) dos Estados Unidos. A EPFR aponta ainda a maior saída desde 2000 dos Fundos Globais de Bônus, que perderam US$ 3,75 bilhões no período.

Pela segunda semana consecutiva, a categoria Emergentes perdeu recursos. Os subgrupos Fundos Globais de Emergentes e de Ásia (ex-Japão) perderam mais de US$ 1 bilhão, o que torna a semana a pior do ano. Os Fundos de Ações de América Latina também perderam, US$ 198 milhões.

A exceção é o grupo Europa, Oriente Médio e África (EMEA, na sigla em inglês) que segue com captação. Eles receberam recursos pela 27ª semana consecutiva, sendo que as carteiras destinadas à Rússia captaram dinheiro pela nona semana. O atrativo continua sendo o preço do petróleo.

Nos mercados desenvolvidos, a EPFR afirma que o fluxo de recursos para os EUA foi influenciado pelo vencimento de opções no mercado acionário. Os Fundos de Ações dos EUA captaram US$ 22,8 bilhões na semana, mas US$ 20 bilhões correspondem a um único ETF atrelado ao Índice Standard & Poor's 500, o SPDR S&P 500 ETF. De acordo com a EPFR, grande parte desses recursos veio dos fundos de curto prazo, que viram sua base de ativos cair em US$ 18,4 bilhões.

As ações do Japão continuam sendo vistas com bons olhos pelos investidores, que acreditam que a valorização do dólar resultará em aumento na competitividade das empresas do país. Outro fator é que o Japão é o único país onde a inflação é um fenômeno relativamente positivo, depois de uma década de deflação. A EPFR também acredita que a inflação poderá levar os próprios japoneses a reavaliarem seus investimentos, buscando retornos mais atrativos no mercado de ações.

Situação diametralmente oposta é a da Europa, onde a inflação está no maior patamar em 10 anos e a confiança do investidor é posta à prova pela valorização do euro, que derruba exportações, e pelas condições restritas de crédito. Os Fundos de Ações da Europa perderam US$ 1,96 bilhão no período. Em quatro semanas os saques em tal categoria já somam US$ 11,3 bilhões.

Na análise setorial, até dia 18, como as incertezas quando ao setor financeiro ainda não estavam completamente instaladas no mercado, os Fundos de Instituições Financeiras continuaram atrativos aos investidores, recebendo US$ 1,72 bilhão. No ano, este grupo já recebeu US$ 6 bilhões.