Título: Tesouro vai visitar investidores em Londres
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 02/02/2005, Finanças, p. C2
O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, e o secretário-adjunto, José Antonio Gragnani, vão visitar investidores institucionais em Londres, em viagem que se inicia depois de amanhã. A idéia é discutir com detentores de cerca de dez contas as melhorias nos fundamentos econômicos do país, estreitando relações e preparando o terreno para futuras captações externas, segundo Marcelo Blanco, chefe da área de Debt Capital Markets para América Latina do Deutsche Bank, que vai acompanhar os dois integrantes do Tesouro. Blanco comemorava ontem a demanda de mais de US$ 5,2 bilhões pelos títulos do governo federal em dólares emitidos anteontem, sob a liderança do Deutsche e do UBS. O Tesouro divulgou as condições finais da operação, que chegou a US$ 1,25 bilhão, com rendimento de 8,90% ao ano e prêmio de 431 pontos básicos sobre os títulos do Tesouro americano de vencimento em 20 anos. O prêmio ainda é maior do que os 376 pontos básicos pagos em janeiro de 2004, em captação de US$ 1,5 bilhão pelo prazo de vencimento em 30 anos. Mas é menor do que os 492 pontos pagos em captação de US$ 1 bilhão de vencimento em 15 anos que entrou nas reservas em outubro de 2004. O dinheiro captado anteontem vai entrar nas reservas internacionais do país em 4 de fevereiro deste ano. O preço de emissão dos títulos, de vencimento em 4 de fevereiro de 2005, foi de 98,61% do valor de face. Mas, ontem, com a forte demanda, os papéis já tinham registrado alta de preços, e eram negociados a 100,0672% do valor de face. "O lançamento dos bônus com vencimento em 2025 foi um complemento da captação em euros feita em janeiro último", disse Blanco, por telefone, de Nova York. Na captação de 500 milhões de euros pelo prazo de vencimento em dez anos fechada no dia 20 de janeiro, sob a liderança do Deutsche e do BNP Paribas, o principal foco de venda foram os investidores de varejo -as pessoas físicas dos fundos de private banking, diz Blanco. Agora, a estratégia foi acessar o que ele definiu como "real money", os investidores institucionais dos fundos mútuos e bancos. "O Tesouro não queria que a participação dos fundos de hedge (o investidor menos avesso ao risco) fosse dominante", informou. Segundo ele, 334 investidores diferentes quiseram comprar os papéis, que ficaram 10% nas mãos das pessoas físicas, 25% nas mãos dos fundos de hedge e o resto foi vendido para os investidores do "real money". "Ficamos surpresos com a demanda pelos papéis", conta. Ele disse que a decisão da venda foi tomada às 9 horas de Nova York de anteontem e a venda foi iniciada às 10h30. Às 12h30, os bancos deixaram de aceitar ofertas tamanha a vontade dos investidores. "Foi uma das captações mais rápidas que já fizemos", diz.