Título: Bradesco pretende dar retorno de até 24%
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Fonte: Valor Econômico, 02/02/2005, Finanças, p. C8

O Bradesco comprometeu-se, ontem, a obter um retorno sobre o patrimônio líquido médio de 22% a 24% neste ano. Em teleconferência a analistas de mercado, o maior banco privado brasileiro informou que atingiria a rentabilidade prometida com uma expansão de 20% a 22% na carteira de crédito, de 20% na receita de serviços e de 12% a 15% na arrecadação de prêmios de seguros. Simultaneamente, pretende reduzir em 6% as despesas operacionais, basicamente com um corte de 6% nos gastos com pessoal. A intenção do Bradesco é consolidar o novo patamar de retorno obtido em 2004, de 22% sobre o patrimônio líquido médio, substancialmente superior aos 18,9% registrados em 2003. O banco garantiu essa rentabilidade nos últimos trimestres do ano. O retorno saltou de 19,3% anualizados sobre o patrimônio líquido médio no primeiro trimestre para 20,5% no segundo, 23,3% no terceiro e 31,7% no quarto. O presidente Márcio Cypriano salientou a preocupação com os gastos também para melhorar o índice de eficiência. "Estamos focados no controle de despesas", afirmou. Respondendo a um analista, disse que ainda "há espaço para reduzir bastante" as despesas administrativas e de pessoal com a incorporação de bancos adquiridos. O Bradesco apresentou em detalhes os principais produtos que ajudaram a engordar a receita de serviços, que contribuiu com 26% do lucro líquido de R$ 3,06 bilhões, em comparação com 24% em 2003. Os serviços de conta corrente deram uma receita de R$ 1,3 bilhão, 19,9% a mais do que em 2003; os de cartões, de R$ 1,069 bilhão, com crescimento de 30,7%; a administração de fundos, R$ 888 milhões, 50,5% a mais; e operações de crédito, R$ 831 milhões, ou 43,5% de expansão. Cypriano explicou que o crescimento orgânico do banco, que colocou em circulação mais 5,3 milhões de cartões e atraiu mais 3,2 milhão de clientes, sendo 2 milhões só no Banco Postal, explica o forte aumento da receita de serviços. O presidente da Austin Ratings, Erivelto Rodrigues, questionou a redução de cerca de R$ 400 milhões para R$ 2,042 bilhões das despesas de provisões feitas no ano passado. O diretor vice-presidente do Bradesco, José Luiz Acar Pedro disse que o banco está bastante "confortável" com um saldo de provisões para devedores duvidosos de R$ 4,145 bilhões, incluindo excedente de R$ 925 milhões. Um dos motivos é a tendência de redução da inadimplência, que o banco acredita que continuará neste ano. O percentual de créditos classificados entre AA e C - os melhores na escala de nove degraus do Banco Central - cresceu de 91,2% para 92,3% entre 2003 e 2004. Para Rodrigues, isso ocorre basicamente porque o banco aumentou as operações com pessoas físicas que, de partida, são classificadas como A. A carteira de pessoas físicas cresceu 35,6% (MCC)