Título: Shell ratifica interesse em etanol de cana
Autor: Moreira , Assis
Fonte: Valor Econômico, 26/06/2008, Agronegócios, p. B13
O gigante do petróleo Royal Dutch Shell confirmou que está considerando "ativamente" investir na produção "sustentável" de etanol de cana de açúcar no Brasil.
"Estamos interessados em etanol cana de de açúcar porque acreditamos que tem o correto aspecto econômico e ambiental", afirmou o diretor de tecnologia da companhia, Jan van der Eijk. Segundo o executivo, a Shell analisa atualmente "como participar nessa indústria particularmente atrativa". Disse que, se os planos se concretizarem, a idéia é de investir no longo prazo. Daí o interesse em fontes como o bagaço da cana, para produção de segunda geração.
O executivo evitou responder se a Shell planeja entrar em parceria e em que dimensão de investimentos, insistindo que os planos poderão ser revelados em breve. Ele não escondeu o entusiasmo com as condições de produção no Brasil, destacando "a disponibilidade de terra, desenvolvimento industrial e tecnológico e clima", tudo para tornar o país mais importante na produção de biocombustíveis.
Atualmente a Shell compra, comercializa, estoca, mistura e distribui biocombustíveis convencionais. É o maior distribuidor mundial, com mais de cinco bilhões de litros em 2007, e diz que continua a aumentar a capacidade.
De outro lado, lembrou o executivo, a Shell tem dois grandes investimentos na produção de etanol de segunda geração. O primeiro é na companhia americana Iogen, que produz a partir de restos de madeira, numa usina no Estado de Idaho, ao invés de milho ou cana, como é o caso do etanol de primeira geração. O segundo é na refinaria de biocarburante alemã Choren. O objetivo é produzir 18 milhões de litros a partir de detritos de madeira, e que seria menos poluente e adaptado a qualquer motor.
Jan van der Eijk acredita que o o etanol não compete com o petróleo. E destacou a importância da exploração para a Shell de óleo e gás na costa brasileira, que ele vê como uma de suas grandes fontes potenciais. "Com as descobertas de fontes de petróleo e gás, quando isso se transformar em realidade comercial, o papel do Brasil como produtor vai aumentar tremendamente"', comentou o executivo.