Título: G-20 descarta reserva cambial
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Fonte: Correio Braziliense, 20/02/2011, Economia, p. 21

Paris ¿ Os ministros de Finanças e presidentes dos bancos centrais do G-20 ¿ grupo que reúne as sete economias mais industrializadas do mundo, as 12 principais nações emergentes e a União Europeia ¿ fecharam um acordo que permite a criação de uma série de indicadores para medir os desequilíbrios financeiros globais. Foram dois dias de árduas negociações, especialmente com China e Brasil, líderes do bloco dos emergentes.

¿Chegamos, o que é importante, a um acordo do conjunto dos países do G-20 para avançar na avaliação das medidas para resolver os desequilíbrios mundiais, fundamentada em indicadores econômicos¿, comemorou a ministra francesa de Economia e Finanças, Christine Lagarde, anfitriã do encontro do G-20 encerrado ontem em Paris.

O compromisso foi finalmente alcançado após acaloradas discussões, principalmente em relação à inclusão dos indicadores de reservas cambiais, que não foram selecionadas. Os representantes dos países definiram que os indicadores usados serão o saldo da balança comercial, os juros cambiais reais e as políticas fiscais e monetárias. Além disso, serão levados em conta o deficit e a dívida pública, assim como a poupança privada de cada nação.

¿Concordamos sobre uma série de indicadores que vão nos permitir focar, por meio de um processo integrado de duas etapas, nos amplos desequilíbrios persistentes que requerem uma ação política¿, informou o G-20 em comunicado oficial. O grupo é formado por UE, África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia.

Agora, o bloco discutirá as metas para esses critérios, em uma reunião marcada para abril em Washington, nos EUA. No encontro realizado em Paris, os ministros debateram os defeitos do atual sistema monetário internacional e a necessidade de estabelecer um código de boa conduta para regular os fluxos mundiais de capital.

Alerta O presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, lançou um alerta ontem durante o encontro do G-20. Ele reafirmou que o mundo se aproxima de um ¿ponto perigoso¿ devido à alta dos preços dos alimentos, o que pode acentuar ainda mais a instabilidade política. O Bird divulgou que, entre outubro de 2010 e janeiro de 2011, os preços dos alimentos cresceram 15%, levando outras 44 milhões de pessoas para a pobreza. ¿A elevação dos preços dos alimentos estimulará uma alta da oferta agrícola, mas nos próximos anos podem acontecer distúrbios, governos podem cair e sociedades podem ser lançadas na desordem¿, disse Zoellick.

Os preços altos são um dos fatores que desencadearam as recentes revoltas populares e a instabilidade política que se espalha no Oriente Médio e do Norte da África. Reduzir a forte oscilação dos preços das matérias-primas, incluindo a comida, é uma das prioridades da Presidência rotativa da França no G-20 este ano.

Câmara dos EUA aprova corte de US$ 61 bi » A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, controlada pela oposição republicana, aprovou na madrugada de ontem um corte de US$ 61 bilhões no gasto público. O placar foi de 235 votos a favor e 189 contra. O projeto será alvo em breve de um acirrado debate no Senado, onde do presidente dos EUA, Barack Obama, tem maioria e há maior resistência aos cortes. As restrições aprovadas incluem a polêmica reforma do sistema público de saúde promovida por Obama e medidas para impedir que a Agência de Proteção Ambiental (EPA) regule indústrias emissoras de gases causadores do efeito estufa. Além disso, alguns artigos limitam o papel do governo na educação. Mas nem todas as propostas republicanas foram adiante, como a iniciativa para acabar com a contribuição anual de Washington às Organizações das Nações Unidas (ONU).