Título: Agfa investe US$ 20 mi no Brasil
Autor: Capela , Maurício
Fonte: Valor Econômico, 30/06/2008, Empresas, p. B7

Convencer a matriz de qualquer multinacional a colocar dinheiro no Brasil ainda é uma tarefa difícil. Além de contar com um mercado de atuação em expansão, a filial postulante aos investimentos precisa exibir números robustos e mostrar que é competitiva no chão de fábrica. Um roteiro que a belga Agfa conhece muito bem.

Gigante na produção de chapas de impressão para os setores gráfico e medicinal, a companhia acabou de receber o sinal verde da matriz para aplicar US$ 20 milhões na sua única fábrica de chapas na América Latina, localizada em Suzano (SP). Só para se ter uma idéia do tamanho do aporte, em 2005 a multinacional investiu US$ 3 milhões nessa mesma unidade brasileira.

Fabrizio Valentini, presidente da Agfa para América Latina e o Brasil, explica ao Valor que os US$ 20 milhões serão aplicados entre os segundos semestres de 2008 e 2009. E o resultado será a duplicação da capacidade instalada. "Vamos pular de 10 milhões de metros quadrados de chapas por ano para 20 milhões", afirma. Na América Latina, que inclui o México, a empresa possui uma outra operação na Argentina, que produz filmes.

O executivo não esconde que o sinal verde da matriz decorreu do bom momento da filial brasileira, que em cinco anos dobrou seu faturamento no país. Em 2007, a Agfa no Brasil faturou US$ 130 milhões, ante os US$ 65 milhões registrados em 2002. E o incremento dessa receita também aumentou a importância da América Latina no faturamento mundial da Agfa, que fica perto dos ? 3,3 bilhões de euros. Se em 2000, a região representava 4%, hoje sua fatia é de 9%. E mesmo se o México fosse excluído, já que passou a figurar na região somente no ano passado, a América Latina seria responsável por 7% das vendas globais. "O Brasil tem 40% dos negócios latino-americanos", diz.

O presidente da companhia para América Latina reconhece que a melhora do cenário da economia no país, que culminou com o grau de investimento, ajudou bastante na obtenção dos recursos. Mas lembra que o crescimento do mercado gráfico no Brasil foi fundamental.

De acordo com cálculos da Agfa, o segmento de chapas para impressão nacional movimentou perto de US$ 250 milhões no ano passado. E a previsão é que esse setor cresça perto de 8%, o equivalente a duas vezes o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, projetado em 4%.

"Hoje, usamos 90% da nossa capacidade instalada. E acredito que alcançaremos esse mesmo patamar em 2010 ou 2011", afirma Valentini., descartando neste momento que exista qualquer diálogo para a instalação de uma segunda unidade no país.

Mesmo evitando falar sobre as projeções de faturamento da Agfa para este ano, o executivo admite que a ampliação da fábrica será fundamental para incrementar as exportações a partir de Suzano. Hoje, o nível de chapas enviadas ao exterior é perto dos 20%. Imagina-se, portanto, que essa nova capacidade deverá alavancar as vendas para fora do país para um patamar de 30%.

De acordo com Fabrizio Valentini, as exportações continuarão preferencialmente seguindo para a América Latina. Mas não descarta aumentar o envio de produtos para os Estados Unidos e alguns países da Europa, como já aconteceu algumas vezes.

Além da operação de Suzano, a Agfa só faz chapas para impressão nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Itália, França, China e Coréia do Sul. "Temos a estratégia de posicionar as unidades perto dos mercados consumidores", conta.

Neste ano, a multinacional belga espera uma estabilização de suas vendas mundiais. E acredita que o preço das matérias-primas manterá os níveis recordes, o que causará impacto na rentabilidade da companhia.