Título: IBGE registra acomodação da atividade em maio
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Fonte: Valor Econômico, 02/07/2008, Brasil, p. A3
A produção industrial brasileira se acomodou em maio sob efeito do calendário, após dois meses de alta consecutiva. A atividade industrial recuou 0,5% na comparação com abril, já descontados os fatores sazonais, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem. Na comparação com maio do ano passado, o crescimento foi 2,4% maior, bem abaixo da alta de 10% registrada em abril sobre abril de 2007. De acordo com o IBGE, maio do ano passado teve 22 dias úteis, enquanto neste ano o mês teve 20 dias de produção. Em abril, havia ocorrido o contrário - a base do ano passado era mais fraca, com menos dias de produção.
O IBGE resumiu o comportamento do setor em maio como "um movimento de suave redução do ritmo de atividade industrial na margem", que levou à estabilidade do índice no trimestre.
"Há uma redução no ritmo entre abril e maio, mas como há efeito do calendário, o ideal é olhar para a média móvel que, assim como em abril, cresceu 0,1 por cento e mostrou uma estabilidade", afirmou o economista do IBGE Silvio Sales. O economista do IBGE destacou que em junho o calendário pressionará positivamente a produção na comparação com maio, com um dia útil a mais. "Essa é uma tendência deste ano, ora puxa para cima e ora para baixo. Em junho, vai puxar para cima."
Das 27 atividades pesquisadas pelo IBGE, 16 registraram queda na produção entre abril e maio. As principais pressões vieram de setores como veículos automotores, com queda de 5,5% máquinas e equipamentos, recuo de 4,7%, e alimentos, com queda de 1,3%. Por outro lado, onze ramos apresentaram crescimento. As principais contribuições positivas vieram de bebidas (9,1%), refino de petróleo e produção de álcool (3,3%) e outros produtos químicos (3,1%).
No ano, a atividade acumula expansão de 6,2%. Até abril, a alta era mais expressiva, com crescimento de 7,25% sobre os primeiros quatro meses de 2007. Para o fechamento do semestre, a tendência é de uma alta um pouco superior aos 6,2% registrados até agora. Nos últimos 12 meses, o avanço está em 6,7%. O coordenador da pesquisa de indústria do IBGE destacou o recuo de 4,9% do grupo de bens de capital em relação a abril. A diminuição foi a maior desde os 6,5% de julho de 2005. Apesar do tombo, Sales assegura que não há tendência de reversão na trajetória dos bens de capital, que acumulam alta de 16,3% em 2008.
Sales pondera que as sondagens realizadas até agora não mostram sinais de reversão de tendência de expectativas industriais, apesar da inflação e das taxas de juros em trajetórias ascendentes. Ele lembrou que os comportamentos mais fracos verificados em maio - além de bens de capital, os bens de consumo duráveis caíram 1,3% em relação a abril - aconteceram em setores com base de comparação alta, como os automóveis e máquinas. De janeiro a maio, 20 das 27 atividades analisadas mostraram avanço. (Agências noticiosas)