Título: NU cobra ações contra 'insegurança econômica'
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Fonte: Valor Econômico, 02/07/2008, Internacional, p. A11
A insegurança econômica está aumentando globalmente. O alerta é da Organização das Nações Unidas, que conclama os governos a adotarem um "vigoroso contrato social" para contrapor-se ao mal-estar causado pela evolução da economia mundial.
Em relatório sobre "A Situação Econômica e Social no Mundo 2008: remediar a insegurança econômica", a ONU nota que os altos preços de alimentos deflagraram sérias agitações políticas em vários países e empurraram de volta a questão de segurança alimentar à agenda internacional.
Além disso, a recente turbulência financeira na economia mundial ainda ameaça uma forte desaceleração do crescimento que pode trazer perigos tanto nos países ricos quanto nos pobres.
A ONU observa a insegurança econômica mais claramente nos países ricos, onde é associada com o aumento de desigualdades, endividamento e redução de proteção social.
Avalia que nos países emergentes, os choques econômicos externos, a liberalização acelerada do comércio exterior e uma desindustrialização prematura comprometeram a diversificação da economia e a criação de empregos. E, nos países mais pobres, persiste o ciclo vicioso de insegurança econômica e instabilidade política, que em muitos casos resulta em violências locais graves.
Para a ONU, a desregulamentação dos mercados contribuiu para a passagem de "vulnerabilidade econômica" para "insegurança econômica".
Diz que temores com a instabilidade do emprego, baixos salários e pouca proteção social aparecem sistematicamente nas pesquisas de opinião. Na América Latina, o desemprego é apontado como o problema número 1 em 10 de 18 países.
No "novo mundo com medo", as preocupações são agravadas por novas ameaças em nível mundial. Aponta a mudança climática como o principal problema para a comunidade internacional. As catástrofes naturais são cada vez mais destrutivas, com custo econômico podendo alcançar US$ 1 trilhão por ano.
A ONU reitera que muitos países melhoraram a estabilidade econômica a custa de menor taxa de crescimento, sem dar suficiente atenção a fatores que determinam formação de capital, produtividade e utilização eficiente da capacidade produtiva.
Para fazer frente às severas restrições de crédito, inflação galopante e empregos precários, a sugestão é que os governos adotem políticas mais "pró-ativas".
Três pontos são propostos para a comunidade internacional: primeiro, que os países renovem o "Sistema de Bretton Woods", com mecanismos compensatórios mais eficazes para superar choques externos, medidas macroeconômicas anti-cíclicas e regulamentação financeira mais sólida.
Além disso, que retomem o Plano Marshall, como uma estrutura mais eficaz para ajudar países que enfrentam violências de rua em meio a alta de preços de alimentos, empregos precários etc. A terceira sugestão é recriar um "New Deal" em escala mundial, para "frear os abusos dos mais poderosos no jogo do mercado, e assim repartir melhor os custos dos choques". Esse novo acordo deveria visar também à produção agrícola.