Título: Fusões no Brasil dobram e chegam a US$ 49,6 bi
Autor: Lucchesi ,Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 03/07/2008, Finanças, p. C3
O total de fusões e aquisições no Brasil dobrou no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Thomson Reuters Markets. As transações anunciadas no primeiro semestre somaram US$ 49,572 bilhões, apenas 13% abaixo dos US$ 57 bilhões anunciados em todo o ano de 2007, que foi recorde. Para os analistas, tudo indica que um novo recorde será atingido neste ano. O movimento deve continuar forte no segundo semestre.
"A piora nas bolsas tem feito com que o mercado de emissões de ações deixe de ser alternativa e tende a fortalecer ainda mais as fusões e aquisições", diz José Olympio Pereira, responsável pelo banco de investimento do Credit Suisse no Brasil, que se mantém na primeira posição no ranking com dianteira importante. O banco esteve à frente de um total de US$ 32,142 bilhões em operações, com participação de 64,8%. "O mercado de capitais está muito ruim no curto prazo, mas os investidores estratégicos continuam interessados em projetos no Brasil e há muito dinheiro disponível de private equity."
Segundo ele, a consolidação de vários setores está apenas começando. Citou como exemplo a compra da Agra pela Cyrela, na qual o Credit Suisse foi assessor formal da Agra. "Participamos da primeira operação entre muitas que vão acontecer no setor imobiliário", afirma Pereira.
"O ambiente de crédito no Brasil é diferente do que ocorre lá fora e as empresas estão com baixa alavancagem e muito capitalizadas", diz Jairo Loureiro, diretor-executivo do banco de investimento do Citi, que passou da terceira posição no ranking para Brasil deste ano até maio para a segunda posição no ranking até junho, graças às transações de compra da Brasil Telecom pela Oi (ex-Telemar), pois atuou como assessor da Brasil Telecom. Também atuou na fusão da Hypermarcas com a Farmasa. "As farmácias também deverão passar por consolidação", diz.
Segundo ele, o Brasil continua com vantagens competitivas em minério, petróleo, aço e material de construção e inúmeros projetos se tornaram realidade por causa da alta de preços dos commodities. "Investidores estrangeiros estratégicos olham isso e querem participar", afirma Loureiro. As empresas brasileiras multinacionais devem continuar a se aproveitar do real forte e da situação financeira favorável para comprar outras no exterior. Há ainda companhias que buscam se tornar as "campeãs nacionais".