Título: Aço dispara e afeta setores-chave da economia
Autor: Landim , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 04/07/2008, Brasil, p. A3

A alta dos preços do aço pressiona os custos de setores importantes da economia, como as montadoras de automóveis e as indústrias de autopeças, bens de capital e de eletroeletrônicos. O setor automotivo encontra algum espaço para repassar o aumento de insumos para as cotações, enquanto os dois últimos enfrentam mais dificuldades. Para combater os custos em alta, as empresas têm usado estratégias para aumentar a produtividade e, quando possível, elevam as importações, como fazem as companhias de autopeças e eletroeletrônicos.

O aço está em alta forte porque dois insumos importantes tiveram aumentos muito significativos neste ano, como diz o presidente da distribuidora de aços planos Rio Negro, Carlos Loureiro. Ele lembra que o minério de ferro teve aumento na casa de 70% e o carvão, de 200%. Já houve duas rodadas de elevações e haverá uma terceira em agosto, afirma Loureiro. "Dependendo do tipo do produto, o aumento total fica entre 40% e 50%."

De acordo com Paulo Butori, presidente do Sindicato da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), até agora os fabricantes de autopeças só conseguiram elevar uma vez os preços que cobram das montadoras. Ele conta que as negociações no setor estão intensas e demoradas. "As montadoras ficam 60 a 90 dias analisando uma planilha de custo." Segundo Butori, o setor iniciou um processo para zerar a alíquota de importação de aço junto ao Departamento de Comércio Exterior (Decex), do Ministério do Desenvolvimento. "Mas o processo é longo e burocrático."

Butori diz que as fabricantes estão aumentando a importação para aproveitar a valorização do câmbio e compensar as pressões de custo. No primeiro semestre do ano, a balança comercial de autopeças teve déficit de US$ 750 milhões em relação a igual período em 2007. Houve superávit de US$ 2 bilhões em 2006 e déficit de US$ 100 milhões em 2007.

Os preços de automóveis também têm sofrido algum aumento. "É impossível trabalhar com esse nível de inflação e não fazer reajustes", diz Rogelio Golfarb, diretor de assuntos corporativos da Ford. Ele não revela o percentual de aumento efetuado pela empresa, garantindo apenas que ficou abaixo da inflação. Segundo o executivo, apesar da forte demanda, é complicado implementar reajustes significativos, por conta da concorrência. No primeiro semestre do ano, as vendas de veículos cresceram 30% em relação ao igual período do ano anterior. "A briga entre as montadoras por market-share é muito intensa."

De acordo com Golfarb, os custos de uma série de insumos subiram, caso do aço e do plástico. Os gastos com logística também aumentaram, pois os combustíveis ficaram mais caros. "O frete está subindo e já faz algum tempo que o custo da energia mudou de patamar." Para amenizar o impacto, a Ford investiu em produtividade e novas tecnologias. Ao implantar a linha de produção do novo Ka, a montadora reduziu em 26% o número de horas de trabalho por veículo. A empresa também desenvolveu uma mescla de fibra de coco com plástico que, em breve, será utilizada em um modelo de automóvel produzido na fábrica de Camaçari, na Bahia.

Os fabricantes de bens de capital também sofrem bastante com o aumento do aço, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto. O problema, segundo ele, é que as empresas não conseguem repassar esse aumento de custos, por causa da forte concorrência interna e externa. Ainda que o faturamento das empresas da Abimaq tenha crescido 28% de janeiro a maio, na comparação com o mesmo período do ano passado, Aubert afirma que a rentabilidade caiu de 8% no ano passado para a casa de 4% neste ano.

Aubert diz que é difícil para as empresas do setor conseguirem melhores condições de pagamento e prazo com os fornecedores. "Dos 1.500 filiados à Abimaq, 75% são pequenas empresas, com baixo poder de barganha." Uma das estratégias utilizadas é modernizar máquinas e equipamentos.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, está complicado promover reajustes de preços em segmentos competitivos, como computadores, ou com performance de vendas mais fracas, caso de TVs e aparelhos de som. Para compensar o aumento de custo, as empresas elevaram o percentual de conteúdo importado e fizeram investimentos para reduzir custos. "Na minha empresa, 70% dos componentes hoje são importados. Só não importo mais por dificuldades com o prazos de entrega."

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