Título: Chile habilita duas plantas de carne suína de SC
Autor: Jurgenfeld , Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 04/07/2008, Agronegócios, p. B16

O governo do Chile habilitou dois estabelecimentos de Santa Catarina para exportação de carne suína ao país: a unidade de Itapiranga do frigorífico Mabella e a planta da Coopercentral Aurora em Joaçaba. A habilitação ocorreu poucos dias depois de o Brasil ter suspendido o embargo a frutas chilenas, cujas compras estavam proibidas desde março.

A decisão chilena representa o primeiro resultado concreto do reconhecimento de Santa Catarina como área livre de febre aftosa sem vacinação, pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE).

Segundo Francisco Van de Casteele, superintendente do Ministério da Agricultura em Santa Catarina, os chilenos visitaram 10 plantas durante missão em fevereiro deste ano. Além das aprovadas, seis foram classificadas como pendentes de habilitação - necessitam de correções para se adequar às normas chilenas e poderão exportar se atenderem às exigências - , e outras duas foram reprovadas. Os nomes das empresas não foram revelados.

Até mesmo para as duas plantas habilitadas, os chilenos fizeram sugestões de melhorias, segundo Francisco. Nem Aurora, nem Mabella, que é controlada pelo Marfrig, comentaram a habilitação chilena. A Aurora informou que é preciso ainda uma oficialização e comprovação de que promoveu os ajustes necessários.

Para o diretor-executivo do Sindicarnes-SC, Ricardo Gouvêa, Chile é um mercado importante não só pelo volume de vendas que comprará, mas também por dar "credibilidade a um trabalho que vem sendo feito em SC". Ele acredita que ele pode servir como um parâmetro, já que tem alto rigor sanitário, para que outras nações passem a comprar de Santa Catarina. Gouvêa diz que as seis unidades classificadas como pendentes poderão ser habilitadas em um mês porque os empresários deverão fazer as correções pedidas com rapidez.

O relatório dos chilenos sobre os frigoríficos visitados faz ressalvas gerais em relação às 10 plantas. Sugere ações corretivas, como inspeção ante-morte pós-morte exclusivamente feita por veterinários do governo e não com ajuda de funcionários das indústrias. Relata ainda necessidade de melhoria no preenchimento das planilhas oficiais nas quais são omitidas informações que devem estar contidas.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, em nota, lamentou que apenas duas plantas tenham sido habilitadas. "Certamente, outras unidades em SC estão igualmente preparadas para exportar. Mais uma vez, a autoridade sanitária do Chile deixa de atuar com transparência e nível técnico que esperaríamos de um país vizinho. Parece que insistem em administrar o comércio por meio de medidas sanitárias".