Título: De olho nos cargos da Saúde
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 26/02/2011, Política, p. 2

A lista de cargos pretendidos pelo PMDB mostra que, mesmo depois de perder o comando do Ministério da Saúde, o partido não desistiu de influenciar no setor, especialmente na Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Em comum acordo entre os deputados e senadores peemedebistas, ficou acertado que a Câmara indicará o presidente do órgão. Há, inclusive, quem defenda a permanência do atual presidente, Faustino Lins Filho, embora o nome dele não apareça na listagem.

Para o Senado, dentro do setor de saúde, ficaria a Diretoria Executiva da Funasa. O partido pede ainda mais três diretorias da fundação, mas não especifica nomes nem diz se caberia à Câmara ou ao Senado indicá-los, até porque o PMDB tem dúvidas de que o PT será tão aliado ao ponto de liberar a maioria das diretorias da fundação para os peemedebistas.

Além da Funasa, o PMDB enfrentará uma queda de braço com o PT na área financeira, em especial, as vice-presidências, em que a maioria dos cargos está sob comando de petistas. A Vice-Presidência de Tecnologia do Banco Brasil é um exemplo. O cargo já esteve sob a tutela do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), que foi um dos padrinhos de José Luiz Salinas, que saiu do cargo no ano passado, dando lugar a um funcionário de carreira. Berzoini agora luta internamente no PT para retomar o posto. E agora terá ainda o PMDB correndo na mesma raia em busca do cargo.

Os peemedebistas estão cientes das intenções de Berzoini, mas já perderam tantos postos de primeiro escalão para o PT que consideram justo os petistas abrirem mão de alguns cargos para dar espaço ao aliado de primeira hora. As contas do PMDB indicam que em toda a Esplanada, incluindo os bancos oficiais, são 21.768 cargos de livre nomeação. É claro que nem todos são de ponta, como os 67 que o PMDB reivindica. Mas perto dos postos-chaves que o PT tem hoje, o partido de Michel Temer considera que está pedindo pouco, portanto, não há por que a presidente Dilma negar esse naco de poder aos partidários do vice-presidente da República. Derrotados O problema é que alguns cargos pretendidos pelos peemedebistas, como a Vice-Presidência de Negócios e Varejo, estão nas mãos de funcionários de carreira e não há a intenção do governo de retirar funcionários de carreira para abrir espaço a políticos derrotados nas eleições do ano passado. E para completar, outros aliados, como o PSB, cresceram e disputam parte dos cargos pretendidos pelo PMDB.

Um exemplo de disputa entre aliados do PT é a Presidência da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), que deve abrigar o megaprojeto de transposição do Rio São Francisco. O PSB deseja indicar o presidente da companhia. O PMDB, também. Os peemedebistas desejam ainda o comando da Chesf, onde estão as obras do setor elétrico do Rio São Francisco e as barragens. O PSB já disse a Dilma que, embora tenha a maioria dos governadores da Região Nordeste, não irá pleitear a Presidência da Chesf, desde que o PMDB, hoje detentor do Ministério de Minas e Energia, esqueça a Codevasf.