Título: Usiminas revisa e acelera seu plano de investimento
Autor: Ribeiro , Ivo
Fonte: Valor Econômico, 09/07/2008, Empresas, p. B7
O slogan no material da apresentação dos planos da Usiminas ao mercado feita ontem por Marco Antônio Castello Branco, que assumiu a empresa há dois meses e dez dias, já mostra sinais de novos tempos na siderúrgica mineira: "Usiminas - Acelerando seu plano de desenvolvimento". O executivo anunciou uma nova usina de aço em Minas Gerais, em Santana do Paraíso, com aplicação de US$ 6,1 bilhões, incluindo uma termelétrica, e destacou a revisão realizada no programa de investimentos.
A companhia de aços planos, que hoje opera duas unidades de produção - uma em Minas e outra em São Paulo -, fez um duplo ajuste em seus planos futuros: mudou o escopo dos investimentos, que ficaram mais robustos, e decidiu acelerar ao máximo a conclusão de outros projetos em curso para aproveitar o bom momento da demanda e dos preços do aço no país e mundialmente.
O novo pacote de investimentos da Usiminas, de 2008 a 2012, passa dos US$ 9,9 bilhões de antes para US$ 14,1 bilhões. O plano abrange, além das usinas de aço em Minas e São Paulo, mineração e logística. Em fevereiro a empresa adquiriu a J. Mendes para garantir seu próprio minério de ferro. Na semana passada, comprou uma área no litoral de Itaguaí (RJ) para montar um terminal portuário de exportação, cujo projeto ainda encontra-se em fase de elaboração e está previsto para entrar em operação em 2012.
A nova usina, com produção de 5 milhões de toneladas de placas, em duas fases (2011 e 2012), ficará no local do atual aeroporto da empresa, a sete quilômetros da unidade atual, em Ipatinga. "O local traz uma série de vantagens para o projeto", afirmou Castello Branco. Segundo ele, permite uma siderúrgica maior que a expansão que estava prevista na usina de Ipatinga, de 3,2 milhões de toneladas. Além disso, terá menos transtornos operacionais no pico das obras e de impacto ambiental. Outra vantagem, aponta, serão as futuras sinergias de uso de serviços e pessoal técnico entre as duas unidades.
Para viabilizar o local, a Usiminas vai construir um novo aeroporto nas redondezas, com valor já definido de R$ 80 milhões. A capacidade de movimentação de passageiros vai triplicar, para 360 mil por ano, tornando-se o segundo maior de Minas. Poderá receber aeronaves maiores, tanto de cargas como de passageiros.
Da produção da nova usina, 40% irão alimentar os laminadores das atuais unidades da Usiminas (Ipatinga e Cubatão) para fabricação de material (chapas e bobinas laminadas) a ser destinado ao mercado interno. A parte maior, 60%, visa o mercado externo e poderá servir de base para uma futura operação de internacionalização da empresa, que passou a ser prioridade na nova gestão "Estamos analisando alternativas em vários locais, prioritamente nos EUA, América Central e América do Sul, mas não descartamos Europa também", afirmou o executivo.
Ele sinalizou que isso pode passar por investimento em um projeto novo, pois a compra de ativos existentes encareceu muito. "Os preços estão muito inflacionados", observou, lembrando que a companhia se preocupa com geração de valor ao acionista em seus investimentos. "O novo programa da Usiminas busca consolidar sua posição de liderança no setor [aços planos, no país] e formar uma base sólida para a internacionalização da empresa".
Em Santana do Paraíso, a Usiminas poderá, no futuro, vir a pensar em fazer aços longos de maior valor agregado (estruturais e especiais, para automotiva e aplicações industriais), admitiu o executivo. "Não temos nada definido sobre isso hoje", disse.
A termelétrica, de 250 MW de potência, que utilizará material oriundo dos altos-fornos e aciaria, vai garantir auto-suficiência no consumo de energia. O projeto está orçado em US$ 395 milhões.
Em minério de ferro, os planos prevêem produzir 29 milhões de toneladas/ano em 2013 e instalação de uma usina de pelotização para 7 milhões de toneladas (agrega valor ao minério), num total de US$ 3,5 bilhões, incluindo a compra da J. Mendes. "Queremos usar o máximo de pelotas em nossas usinas, podendo chegar a até 40%".
O plano de investimento contará recursos próprios (50%) e de fontes como BNDES, bancos comerciais e captações. A empresa já fez várias operações neste ano e tem outras em negociação até o primeiro trimestre de 2009.