Título: Inflação dos mais pobres é a mais alta desde 2004
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 08/07/2008, Brasil, p. A4

Embora a inflação para as famílias brasileiras com rendimentos entre 1 e 2,5 salários mínimos mensais (de R$ 415 a R$ 1.037) tenha desacelerado em junho, fechando o mês em 1,29%, depois de alta de 1,38% em maio, o resultado do Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) acumula nos últimos 12 meses elevação de 9,11%, a maior já registrada desde 2004, quando o índice começou a ser calculado.

Somente no primeiro semestre deste ano a taxa teve elevação de 5,97%. Os dados foram divulgados ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O avanço nos preços dos alimentos, que correspondem a 40% no cálculo do IPC-C1, foi a principal pressão para o resultado acumulado desde junho do ano passado. Na passagem de um mês para o outro, o grupo recuou de 2,85% para 2,50%, mas, considerando o acumulado nos últimos 12 meses, os preços passaram de alta de 17,01% em maio para 18,88% em junho.

As maiores pressões foram exercidas pelo arroz branco (26,03% para 45,78%), feijão Carioquinha (119,31% para 137,51%), batata-inglesa (2,32% para 19,39%) e carnes bovinas (32,87% para 44,13%).

Também contribuíram para o acréscimo da taxa do IPC-C1 nos últimos 12 meses os grupos habitação (2,05% para 2,32%), saúde e cuidados pessoais (3,54% para 4,04%) e vestuário (4,84% para 5,43%).

Na primeira classe de despesa, o destaque de junho ficou com o item gás de bujão, que passou de uma elevação de 3,15% para 5,01%, enquanto no grupo saúde e cuidados pessoais, o destaque foi do item medicamentos em geral, que passou de 3,55% em maior para 4,02% em junho.

Por fim, o item roupas (de 3,44% para 4,64%) respondeu majoritariamente pelo acréscimo da taxa do grupo vestuário. A taxa do grupo transportes repetiu em junho a taxa acumulada em 12 meses até maio, que foi de 2,52%. Contribuíram para a estabilidade o recuo do item gasolina (-1,82% para -1,99%) e tarifas de ônibus interurbano (3,06% para 3,34%).

Em contrapartida, os grupos educação, leitura e recreação (5,04% para 4,79%) e despesas diversas (4,94% para 4,60%) registraram decréscimos em suas taxas de variação em 12 meses. Os itens que mais contribuíram para esse movimento foram material escolar, inclusive livros, (8,07% para 7,39%) e alimento para animais domésticos, que recuaram de 8,26% para 7,13%. (Agências noticiosas)