Título: Crítica a Fogaça domina debate em Porto Alegre
Autor: Bueno , Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 08/07/2008, Política, p. A6

O prefeito José Fogaça (PMDB), que concorre à reeleição em Porto Alegre e vem liderando as pesquisas de intenção de voto, virou alvo prioritário nos dois primeiros debates eleitorais em Porto Alegre, realizados domingo à noite pelo grupo RBS e ontem pela rede Record. Entre propostas para resolver problemas que vão da saúde à segurança pública, o tom dos ataques variou conforme o adversário. Os mais duros partiram de Maria do Rosário (PT), que se mantém em segundo lugar nas pesquisas, Luciana Genro (P-SOL) e Onyx Lorenzoni (DEM), empatados tecnicamente em quarto lugar. Os três são deputados federais.

Coligada com o PPS, partido pelo qual Fogaça se elegeu em 2004, a deputada federal Manuela D'Ávila, do PCdoB (terceira nas pesquisas) foi mais comedida, assim como o deputado estadual Nelson Marchezan Júnior (PSDB), mas praticamente todos procuraram explorar a imagem de lentidão do prefeito em tomar decisão e prometeram administrar com "atitude". Paulo Rogowski, do PHS, fez comentários genéricos sobre os problemas e se disse voltado "para a área social".

Pressionado, Fogaça defendeu-se a maior parte do tempo. Afirmou que a recuperação das finanças da prefeitura reabriu as linhas de financiamento interno e externo para Porto Alegre, relacionou investimentos em educação e assistência social, além da implantação da bilhetagem eletrônica no transporte coletivo e a manutenção do Orçamento Participativo petista. Atacado em função do inquérito policial sobre tentativa de fraude em licitação aberta em 2006 para a coleta de lixo na cidade, afirmou que a prefeitura abortou o processo logo que soube das irregularidades.

Além de fustigar Fogaça, Rosário procurou vincular-se ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem disse sentir-se "representante" na eleição. Segundo ela, o PT soube "ouvir o recado da população" na derrota de 2004 depois de quatro mandatos consecutivos, superou a crise causada pelo mensalão e está "pronto para reassumir" Porto Alegre.

Manuela também "pegou carona" no momento favorável do governo Lula para propor a redução da burocracia e criar um "ambiente" propício para investimentos na cidade, mas precisou poupar Fogaça. Segundo ela, a "governança solidária local", um programa incluído pelo PPS na administração atual para operar junto com o Orçamento Participativo, herdado do governo petista, foi um "avanço".

Com um discurso focado no combate à corrupção, Luciana bateu em Fogaça por conta do inquérito sobre a licitação para coleta de lixo. Contra Rosário, lançou mão do mensalão e contra Manuela, da aliança com o PPS. Para Marchezan Júnior sobrou a descoberta, pela Polícia Federal, do desvio de R$ 44 milhões no Detran gaúcho, subordinado à governadora Yeda Crusius, do PSDB.

Onyx também foi ácido contra Fogaça, a quem acusou, por exemplo, de ter "cedido" frente as empresas de ônibus para aumentar as tarifas. O deputado centrou fogo no prefeito de olho num eleitorado que pode lhe colocar no segundo turno. Segundo ele, a administração atual anda "devagar, quase parando". Assim como a candidata do P-SOL, o Democrata propôs o corte de cargos de confiança e a "valorização" do servidor público de carreira.