Título: Legrand estima crescer 22% no Brasil
Autor: Capela , Maurício
Fonte: Valor Econômico, 08/07/2008, Empresas, p. B8
A multinacional francesa Legrand anda otimista com o desempenho de sua filial no Brasil. Além de ser o mercado número um entre os países emergentes, a gigante produtora de sistemas para instalações elétricas e de voz pretende ampliar sua receita, aumentar seus investimentos e ainda continuar seu movimento de aquisições por aqui.
No Brasil desde 1973, a Legrand já comprou nove companhias em território nacional, o que lhe propiciou consolidar um faturamento no país de R$ 450 milhões no ano passado. Em 2008, explica Gilles Schnepp, principal executivo da multinacional, a meta é bater os R$ 550 milhões, o que lhe dará um incremento de 22%.
Os investimentos também deverão subir os mesmos 22% neste ano. Com três fábricas no Brasil, a Legrand deverá alocar R$ 44 milhões em 2008, contra os R$ 36 milhões aplicados no ano passado. O grupo francês possui uma operação no Estado do Amazonas, outra no Paraná e mais uma no Rio Grande do Sul.
"Metade dos nossos investimentos no Brasil são usados em aumento de capacidade instalada, apesar de termos uma produção confortável hoje. E a outra parte segue para o setor de pesquisa e desenvolvimento", conta Schnepp. Em termos mundiais, o gasto não é muito diferente. A empresa aplica 5% dos ? 4,2 bilhões de receita líquida em pesquisa e desenvolvimento, o que possibilita lançar quase 50 categorias de produtos a cada ano e empregar 2 mil pessoas somente nesse departamento.
O principal executivo da Legrand sabe que crescer mais de 20% no país em um ano não é uma tarefa fácil, principalmente quando compara-se à expectativa de incremento do Produto Interno Bruto (PIB). Há no mercado um sentimento geral de que o PIB deverá subir entre 4% e 5% neste ano. Ou seja, a taxa prevista de crescimento da Legrand é quatro vezes maior que a expansão da economia brasileira.
Segundo o executivo, a receita do grupo francês é simples para incrementar em 20% suas vendas no país. "Temos um grande portfólio de produtos, uma boa equipe e sabemos que o mercado está aquecido", assegura Schnepp, acrescentando que o departamento de pesquisa e desenvolvimento da filial no país tem sinal verde para desenvolver produtos para América Latina.
Mas não são apenas as inovações que seguem para os países da região, como Chile, Argentina e Peru. A empresa também tem atendido o exterior a partir do Brasil. No ano passado, por exemplo, as exportações representaram 5% do faturamento local. "Neste ano, deverá aumentar, mas não há número fechado", conta Yves Martinez, diretor-presidente da Legrand no Brasil.
O curioso é que o faturamento da Legrand no país depende exclusivamente do canal corporativo e não do varejo. Dos R$ 450 milhões registrados em 2007, perto de 86% decorre da venda para companhias e só 14% é feito no varejo de material de construção, como C&C. No mundo, inclusive, a situação não é tão diferente. Perto de 90% é fruto dos negócios com companhias e os 10% restantes ficam no canal varejo.
O fato é que há similaridade nos números da matriz e da filial brasileira, o que explica um pouco a importância do Brasil na estrutura global do grupo francês. Além disso, o processo de expansão da Legrand pelo mundo só foi intensificado na última meia década, tanto que a empresa colocou seu pé na China apenas em 2005. E só para se ter uma idéia do reflexo disso, há seis anos, as nações emergentes representavam 17% da receita global, ao passo que hoje já dominam 30%.