Título: CNI reduz projeção para alta do PIB
Autor: Camarotto , Murillo
Fonte: Valor Econômico, 10/07/2008, Brasil, p. A3

Diante do cenário de alta da inflação, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou ontem de 5% para 4,7% a sua previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2008. De acordo com a entidade, a estimativa está baseada em "um arrefecimento da demanda interna no segundo semestre" e só não foi mais baixa "devido às forças inerciais do crescimento".

Mesmo reduzindo sua estimativa para o PIB, a CNI acredita que a inflação deste ano colocará freios ainda maiores sobre o crescimento econômico de 2009. A projeção para a inflação medida pelo IPCA, que era de 4,7%, passou para 6,4%, já encostada no teto da meta estipulada pelo Banco Central (BC).

Diante desse desenho, a CNI avaliou como "uma ajuda importante" a elevação do superávit primário para 4,3% do PIB, pois a medida seria uma forma de "dividir" com o BC o ônus do combate à expansão inflacionária, diminuindo a necessidade de alta dos juros. A entidade prevê que a Selic poderá chegar a dezembro em 14,25% ao ano, ante os 12,25% atuais.

A CNI demonstra, ainda, preocupação quanto aos efeitos do combate à inflação sobre o PIB. Ela espera que a taxa de desemprego esteja em 6,7% em dezembro, perfazendo uma média anual de 8%.

A CNI relata que a concessão do grau de investimento para o Brasil e a elevação dos juros tornaram o país mais atrativo para o ingresso de capital externo, o que impacta significativamente o câmbio, valorizando o real. Assim, projeta redução de quase 50% na balança comercial de 2008, cujo saldo deve se situar em US$ 20 bilhões.