Título: Elétricas iniciam a adoção de novo desenho societário
Autor: Leila Coimbra
Fonte: Valor Econômico, 29/12/2004, Empresas &, p. B3

Alguns dos principais grupos de energia preparam-se para consolidar, em 2005, uma nova onda de reestruturações societárias. Empresas como a Cemig, Eletricidade de Portugal (EDP), Companhia Energética de Brasília (CEB), Grupo Rede e a americana CMS Energy são algumas das candidatas ao rearranjo de seus ativos. O objetivo é a adequação ao novo modelo do setor elétrico e, também, a oportunidade de aproveitar o bom momento do mercado nacional de capitais para captação de recursos. A Cemig dá início amanhã ao seu processo de reestruturação. A criação de duas subsidiárias integrais, a Cemig Geração e Transmissão e a Cemig Distribuição, é o tema principal da reunião do seu conselho de administração. A idéia original era criar três empresas, separando a área de transmissão, mas optou-se depois por unir essa área de negócios à geração. Esta subsidiária terá ativos de R$ 3,83 bilhões e passivo de R$ 1,57 bilhão. A nova empresa de distribuição terá ativos de R$ 4,14 bilhões e dívidas de R$ 3,66 bilhões. O grupo EDP, controlador das distribuidoras Escelsa (ES); Enersul (MS) e Bandeirante (SP), pretende consolidar em 2005 a reunião dos seus ativos sob a holding EDP Brasil, que culminará com o lançamento de suas ações no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo, no próximo ano. A operação abre caminho para que a empresa capte recursos em bolsa para novos investimentos no país. O diretor vice-presidente do grupo, Antônio José Sellare, disse que o objetivo era ter concluído o processo ainda em 2004, mas não houve tempo hábil. Sellare explica que houve a decisão de esperar as revisões tarifárias anuais das concessionárias. A da Enersul foi em abril; da Escelsa em agosto e, por último, a da Bandeirante, em outubro. "Os reajustes de tarifa têm impacto relevante, então preferimos esperar. Mas aí o tempo ficou muito curto". A reestruturação da EDP prevê que a holding passará a ser a única empresa do grupo com cotação em bolsa em substituição às controladas, que ficarão sob o guarda-chuva da EDP Brasil. Os objetivos da operação são ter uma organização enxuta e um único veículo em bolsa capaz de dar maior liquidez e potencial de crescimento aos acionistas. O mesmo ideal é o do Grupo Rede, que hoje tem uma estrutura societária complexa, com três holdings (EEVP, Caiuá e Denerge), que possuem participações cruzadas nas distribuidoras do grupo - (Celpa (PA), Cemat (MT), Celtins (TO), Força e Luz do Oeste (PR), Nacional (SP), Vale do Paranapanema (SP), Bragantina (SP/MG) e Caiuá (SP) . Na nova estrutura, uma holding chamada Rede, controlada pela Denerge, será criada e sob ela ficarão os ativos. Esta estrutura, porém, ainda está sob estudo. A nova estrutura sob análise prega a criação de uma subsidiária Rede Sul, que abrigará a Caiuá, a Vale do Paranapanema, a Bragantina e a Força e Luz do Oeste. Uma outra, a Rede Norte, terá sob seu controle a Cemat, a Celtins e a Celpa; uma terceira subsidiária será a Rede Comercializadora de energia e, por fim, a Rede Power, com os ativos de geração (hidrelétrica de Lajeado e Tangará). O mercado aposta, no entanto, que as usinas do grupo serão postas à venda. Neste mês, a Rede já vendeu à Cemig a hidrelétrica de Rosal. A QMRA, empresa de participações do grupo, deverá ser extinta. A CMS Energy recebeu há algumas semanas a autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para realizar uma reestruturação de suas empresas no Brasil, com o descruzamento de participações acionárias e o alinhamento das companhias sob uma só controladora, a CMS Distribuidora Ltda. O grupo é formado por duas empresas que agregam as participações societárias do grupo (CMS Distribuidora Ltda e CMS Participações Ltda), quatro concessionárias de distribuição do interior de São Paulo, duas geradoras e uma prestadora de serviços. No país, a CMS é proprietária das distribuidoras Companhia Paulista de Energia Elétrica (CPEE), Companhia Sul Paulista de Energia Elétrica (CSPE), Companhia Jaguari de Energia (CJE), Companhia Luz e Força de Mococa (CFLM); das geradoras Paulista Lajeado Energia S.A. e Companhia Jaguari de Geração de Energia (CJGE); e da CPEE Equipamentos Elétricos e Serviços Ltda (CPEE-E). Há pouco mais de um ano, a CMS Energy havia anunciado o seu interesse em vender esses ativos e deixar o país. No caso da CEB, cujo novo organograma espera aprovação da Aneel, estão previstas as criações das subsidiárias de distribuição, geração, de participações, uma para a hidrelétrica de Lajeado (onde é sócia), outra para Corumbá IV (hidrelétrica que ainda não saiu do papel) e para a CEB Gás, empresa a ser constituída em parceria com a Shell, CS Participações e Gaspetro.