Título: Pimentel quer melhorar gasto social em BH
Autor: Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 31/12/2004, Política, p. A5

Reeleito para administrar a cidade que será a maior comandada pelo PT a partir de janeiro, o economista Fernando Pimentel diz que Belo Horizonte vive um momento rico, de confluência de boas energias entre os governos federal, estadual e municipal. Ele acredita que o bom entendimento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o governador tucano Aécio Neves resultará em conquistas importantes para a cidade. "É o momento certo para o resgate desta vocação que Belo Horizonte tem para ser uma cidade de vanguarda", filosofa o prefeito, relembrando o prestígio da capital nos anos 40 e 50, sob a ascendência de JK . Reeleito no primeiro turno com 68% dos votos válidos, Pimentel vem reivindicando maior espaço para os mineiros no PT e também no cenário nacional.

Esta será a quarta gestão dos petistas em Belo Horizonte. Pimentel participou de todas as administrações: como secretário de Fazenda nas duas primeiras e como vice-prefeito e prefeito na terceira. Assumiu o cargo depois que o titular Célio de Castro (PT) foi afastado por problemas de saúde. Segundo ele, participar da administração há 12 anos faz com que entenda melhor os problemas da cidade e perceba com mais clareza as soluções possíveis. "A continuidade tem suas vantagens." O economista diz que seu principal desafio é o aperfeiçoamento dos projetos já implementados na capital. "Temos atendimento na quantidade necessária mas não na qualidade desejada", admite ele, numa referência a alguns programas sociais. Pimentel cita o caso da saúde. Cerca de 1,7 milhão de moradores estão cadastrados no BH Vida, o programa municipal de saúde da família. É um número grande, considerando a população total de 2,3 milhões. Mas a população queixa-se da demora para conseguir consultas com especialistas. O prefeito quer resolver o problema no próximo mandato. Na educação, a situação é parecida. Há vagas suficientes na escola fundamental para toda a população. Mas os pais reclamam da eficiência da escola plural, o método sem reprovação defendido pelo PT. "Vamos ter dez dias de avaliação do aprendizado, em reuniões entre pais e professores", avisa Pimentel. Segundo o prefeito, há recursos suficientes para investir na melhoria da prestação de serviços à comunidade. O Orçamento previsto para 2005 é de R$ 2,37 bilhões, 8% maior que a arrecadação deste ano: "É uma questão de aprimorar o gasto". Neste segundo mandato, Pimentel fará uma reforma administrativa, já aprovada pela Câmara Municipal. "Não é uma reforma, é uma readequação para aprimorar a gestão", diz ele, repetindo o verbo que resume sua proposta para os próximos quatro anos. Na "readequação" administrativa, o número de secretarias será reduzida de 34 para 18. O gasto com o excesso de secretarias e cargos de primeiro escalão foi uma das principais críticas sofridas por Pimentel durante a campanha eleitoral. Mas ele sustenta que a reforma não tem como objetivo principal a redução de custos, que será pouco significativa. A meta é o ganho de eficiência. Pimentel vai manter nos cargos seus assessores, como os secretários de Finanças (Júlio Pires), Políticas Urbanas (Murilo Valadares), Políticas Sociais (Jorge Nahas) e Governo (Paulo Moura). O prefeito vai acomodar nas regionais e na direção das fundações e empresas municipais os partidos aliados, PTB, PPS, PL e PCdoB.