Título: Maia promete reforçar Saúde e Transportes
Autor: Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 31/12/2004, Política, p. A5

O prefeito Cesar Maia inicia no sábado seu novo mandato à frente da Prefeitura do Rio, depois de uma vitória apertada ainda no primeiro turno por 0,11 pontos (cerca de cinco mil votos). O prefeito reeleito protagonizou um dos mais polêmicos debates pós-eleitorais com o lançamento de sua candidatura à Presidência, que revoltou muitos de seus eleitores. Em sua terceira gestão, Maia promete dar uma atenção especial às áreas da saúde e dos transportes, pontos fracos de seu último governo, sem deixar de lado projetos de médio e longo prazo que marcaram suas administrações anteriores, como o Favela-Bairro e o Rio Cidade.

Não foi à toa que na proposta orçamentária para 2005 enviada pelo prefeito à Câmara, a rubrica Saúde recebeu a segunda maior dotação, de R$ 1,730 bilhão, só perdendo para a Previdência Social, R$ 1,885 bilhão. Os investimentos previstos para o próximo ano na ampliação, reforma e construção de novos hospitais mais que duplicaram em relação a 2004, passando de R$ 63,24 milhões para R$ 132,6 milhões. Já para os transportes, o prefeito destinará R$ 98,8 milhões, 11% a mais do que neste ano. Em entrevista ao Valor, por e-mail, Cesar Maia admitiu que "poderia ter feito mais pelo transporte municipal", mas garantiu que pretende aperfeiçoar a integração dos transporte, com a implementação do bilhete único, sistema que permitirá ao carioca pegar mais de uma condução, num período de duas horas, pagando a mesma tarifa. O prefeito chegou a apresentar um projeto de lei pedindo autorização para oferecer o serviço da dívida ativa do município, que totalizam cerca de R$ 200 milhões por ano, como garantia para empréstimos e operações de parcerias público-privadas para o metrô e para a duplicação da auto-estrada Lagoa-Barra. Ele ainda terá que reestruturar uma dívida de R$ 7,5 bilhões que a prefeitura tem contra a União, correspondente a 47 vezes o custo da construção do estádio olímpico João Havelange, no Engenho de Dentro (R$ 160 milhões), uma das principais obras em andamento para os jogos Panamericanos. A proposta orçamentária de R$ 9 bilhões para 2005 prevê uma receita 4,4% menor do que a deste ano. A redução, em termos absolutos, é explicada por uma questão contábil, ou seja, pela não inclusão, pela primeira vez em três anos, de créditos extraordinários de R$ 1 bilhão que a prefeitura tem contra a União. Em 2002, os juros incidentes sobre a dívida passaram de 6% para 9%, porque a prefeitura não quitou uma parcela correspondente a 20% do total do débito. Pelas contas da Secretaria de Fazenda, o município do Rio paga R$ 700 milhões por ano de dívida, somando juros e amortização.