Título: Dia de protestos em seis países
Autor: Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 26/02/2011, Mundo, p. 24

Milhares de pessoas saíram às ruas em seis países do Oriente Médio para pedir mudanças, criticar seus líderes e manifestar apoio à revolta na Líbia. A sexta-feira foi marcada por violentos protestos no Iraque, no Iêmen, na Jordânia, no Barein, na Tunísia e no Egito, onde há duas semanas Hosni Mubarak sucumbiu à pressão e deixou o poder. A situação mais grave foi registrada em território iraquiano: 14 pessoas morreram nos confrontos com as forças de segurança. Além disso, 124 pessoas, entre elas 17 policiais e soldados, ficaram feridas em dezenas de cidades. Quatro prédios públicos foram incendiados.

Em Bagdá, as forças de segurança usaram jatos d¿água e granadas de gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes que atiravam pedras contra eles. Apesar da mobilização militar e policial, 5 mil manifestantes conseguiram se reunir na Praça Tahrir. O movimento denominado Revolução da Ira Iraquiana fez um apelo no Facebook para exigir ¿mudança, liberdade e uma democracia verdadeira¿.

No Cairo, egípcios voltam à Praça Tahrir para cobrar dos novos líderes militares do Egito, que prometem evitar uma contrarrevolução, o afastamento imediato dos ministros do gabinete nomeados pelo ex-presidente Mubarak.

Enquanto isso, o governo provisório da Tunísia, responsável pela transição após a queda do presidente Zine El Abidine Ben Ali, anunciou ontem em um comunicado que organizará eleições no país até, no máximo, o mês de julho. De qualquer forma, manifestantes lotaram o centro de Túnis, pedindo a renúncia do primeiro-ministro Mohamed Ghannouchi, ex-aliado do presidente deposto. A polícia efetuou disparos e usou gás lacrimogêneo para dispersar o grupo.

No Barein, atos pedindo democracia bloquearam as principais vias de Manama, capital. Ontem, foram os líderes religiosos que convocaram a população a tomar as ruas, o que, segundo analistas, pode alterar a dinâmica das manifestações.

Tenso também foi o dia em várias cidades da Jordânia. Na capital, Amã, a principal manifestação partiu da Grande Mesquita de Hussein, onde se reuniram líderes opositores, sindicalistas e ativistas, exigindo reformas políticas. Iniciada há seis semanas, em meio à ebulição no Egito e na Tunísia, a mobilização no país levou o rei Abdullah a reformar seu governo.