Título: Robô da Honda vai ser testado em hospital
Autor: Olmos , Marli
Fonte: Valor Econômico, 11/07/2008, Empresas, p. B2

Asimo, robô que a Honda desenvolve há mais de duas décadas, sobe escadas, caminha desviando de pessoas e objetos e ajuda os pedestres a atravessar a rua A indústria automobilística costuma usar robôs para produzir seus automóveis. As tarefas mais atribuídas a essas máquinas em grande parte das linhas de montagem do mundo são solda e pintura. Em muitos veículos, inclusive os produzidos no Brasil, a instalação de partes do carro, como o pára-brisa, ganha precisão exata graças a essas máquinas. Mas um certo robô da Honda que não freqüenta as linhas de montagem ficou famoso. Ele não tem nada a ver com os automóveis. Seu objetivo é imitar a mobilidade do ser humano, para o bem.

Asimo (advanced step in innovative mobility), sigla para passo avançado e inovador em mobilidade, que que vem sendo desenvolvido pela Honda há mais de 25 anos, se supera a cada aparição em suas turnês pelo planeta.

Ao longo da sua história, a indústria automobilística se habituou a usar máquinas para fazer outras máquinas. Mas Asimo, que foi criado por uma montadora, no Japão, não quer saber dos carros. Seu conceito de mobilidade sé inspirado nos gestos humanos, como dobrar as pernas para andar, correr e, mais recentemente, ajudar pessoas com dificuldades para andar.

Uma das mais recentes notícias divulgadas pela Honda, esta semana, se refere aos testes com um aparelho de locomoção que ajudará na reabilitação de pacientes. O equipamento foi baseado na tecnologia aplicada no Asimo, que, desta vez, busca proporcionar mobilidade a pessoas enfermas que desejam voltar a andar.

A Honda começa neste mês a fazer testes no hospital Kasumigaseki-Minami, na cidade de Kawagoe, no Japão com o novo equipamento. Ainda sem previsão de lançamento no mercado, o aparelho é fixo na cintura do usuário e envia comando para as pernas, por meio de sensores presos às coxas. Pode ser ajustável de acordo com a estatura e a bateria pesa 2,8 quilos. Todo o processo será analisado por um grupo formado por médicos, fisioterapeutas e pesquisadores.

Antes de inspirar o novo equipamento de fisioterapia, Asimo apareceu na Inglaterra, há um mês, durante o Youth Engineering Show, tradicional evento de estudantes de engenharia na cidade inglesa de Newcastle.

Em maio passado, o robô surpreendeu nos Estados Unidos ao aparecer regendo a Orquestra Sinfônica de Detroit. Ele foi o maestro de crianças que recebem suporte financeiro de um fundo da montadora japonesa.

O desenvolvimento dos primeiros modelos do robô humanóide pela Honda, em 1986, começou apenas com pernas que simulavam movimentos humanos. Nas gerações seguintes foram acoplados cabeça, corpo e braços. O primeiro robô desse desenvolvimento tinha 1,80 metro de altura e pesava 175 quilos.

O Asimo que aparece hoje pelo mundo mede 1,20 metro e pesa 52 quilos. Consegue caminhar sobre pisos irregulares, virar, subir e descer escadas, alcançar e segurar objetos, acender e apagar um interruptor de luz e abrir e fechar portas. Na versão atual, ele pode correr até seis quilômetros por hora.

O robô também consegue entender e responder a comandos de voz, reconhece feições de um grupo selecionado de pessoas, pode auxiliar pedestres a atravessar a rua e, por meio de câmeras instaladas em seus olhos, mapeia o ambiente, registra a presença de objetos e desvia de obstáculos. Asimo também pode assumir tarefas como carregar uma bandeja e empurrar um carrinho.

Como mais recente resultado das pesquisas de seus criadores, Asimo agora ultrapassa obstáculos escolhendo entre recuar e dar passagem (quando não há espaço suficiente) ou desviar e continuar a caminhar, baseando-se nos movimentos de aproximação das pessoas. Dessa forma, além de evitar a colisão com pessoas ou objetos, ele não bloqueia o movimento dos outros.

Outra das novidades mais recentes é que o robô pode recarregar sua bateria sozinho. Ao identificar que está ficando sem energia, ele automaticamente localiza onde há outras centrais de recarga e vai até a mais próxima.

Desenvolvida por engenheiros da Honda de vários lugares do mundo, a última geração do Asimo chuta bola e pode até andar de mãos dadas com uma pessoa, sincronizando seus passos. O robô virou atração na Disneylândia, na Califórnia, com um show próprio. Mas também viajou para a Estônia, para o lançamento de um programa de bolsas de estudos de ciências e engenharia para alunos interessados por robótica ou energia alternativa.

Hoje, Asimo atua como guia turístico em museus e recepcionista em algumas empresas de tecnologia do Japão. Mas, a idéia para o futuro é utilizar mais o robô no auxílio a pessoas com necessidades especiais, fazendo o papel de olhos, ouvidos, mãos e pernas para esses indivíduos.

Mas algum dia, ainda, informa a Honda, Asimo poderá ajudar na realização de atividades perigosas, como num incêndio ou no contato com produtos tóxicos.