Título: Futuras usinas nucleares poderão ter reator feito no Brasil
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Fonte: Valor Econômico, 15/07/2008, Brasil, p. A2

A próxima usina nuclear brasileira, depois de Angra 3, poderá ter um reator de tecnologia 100% nacional. Poucos países detêm hoje essa capacidade. O Brasil escolheu a americana Westinghouse (Angra 1) e a francesa Areva (Angra 2 e 3) como fornecedores das usinas anteriores. Além delas, somente empresas japonesas e russas fabricam reatores de água pressurizada (PWR). A Coréia do Sul também anunciou ter desenvolvido essa mesma tecnologia - existem outros modelos.

O projeto de construção de um protótipo de reator está a cargo da Marinha. A unidade de geração de energia elétrica, conhecida como projeto Labgene, terá potencial para produzir 11 megawatts (MW) - o suficiente para iluminar uma cidade com 20 mil habitantes. Essa é uma das etapas mais importantes para a conclusão em oito anos, no máximo, do Programa Nuclear da Marinha.

A finalidade principal do programa é desenvolver um submarino de propulsão nuclear, mas o comandante da Marinha, Júlio Soares de Moura Neto, destacou que haverá benefícios em áreas civis. "(O reator) é uma tecnologia de múltiplo emprego e teremos o domínio dela", frisou.

Ele disse que há "total interesse" em continuar desenvolvendo os reatores nacionais, expandindo sua capacidade de geração, e fornecer esses equipamentos às futuras usinas que serão construídas no país.

O Ministério de Minas e Energia prevê que Angra 3 entre em funcionamento a partir de 2014 e sejam erguidas mais quatro usinas até 2030 - cada uma com cerca de 1.000 MW - no Sudeste e no Nordeste. Informados sobre o teor das declarações de Moura, técnicos ligados ao ministério elogiaram os avanços do Programa Nuclear da Marinha, mas ressaltaram que dificilmente seria possível, em um horizonte de 10 a 15 anos, transformar um reator protótipo de 11 MW em algo do porte de uma usina de 1 mil MW. (DR)